A escritora Conceição Evaristo: a Casa Escrevivência, espaço cultural lançado por ela, ficou em primeiro lugar no edital do BNDES — Foto: Divulgação BNDES/André Telles
A Casa Escrevivência, espaço cultural lançado pela escritora Conceição Evaristo em 2023, ficou em primeiro lugar no edital “Viva Pequena África”, do BNDES. Foram selecionados 11 projetos culturais que serão contemplados com aproximadamente R$ 5 milhões do banco e de instituições apoiadoras (Open Society Foundation, Ford Foundation, Instituto Ibirapitanga e Fundação Itaú).
A escolha dos projetos, que vão contribuir para a preservação das heranças africanas da região, levou em conta seis critérios: relevância, impacto social, tradição e trajetória, maturidade organizacional, viabilidade técnica e poder de articulação.
— Eu acho que essa conquista não é só da Casa Escrevivência, mas também de outras organizações que estão aqui presentes. Eu acho que isso mostra a potência da comunidade negra. Talvez os povos subjugados sejam os que mais possam exemplificar o que é a utopia, o que é o desejo, o que é a esperança, o que é a potência de muitas vezes começar do nada — disse Conceição Evaristo em seu discurso.
A escritora afirmou ainda que reconhece a ação do BNDES e de todas as empresas envolvidas, mas destacou que não se pode esquecer que o Estado brasileiro e as organizações que “detêm o poder do capital estão devolvendo simbolicamente o que os africanos e seus descendentes construíram nesse Brasil”.
— É uma ação afirmativa, das ações reparadoras que nós merecemos, que o povo negro merece. E, se tratando da Pequena África, se tratando da memória do povo africano e do povo afro-brasileiro, uma ação como essa ajuda a resgatar na história o lugar que nos foi tirado, a invisibilidade com que a história sempre tratou os eventos negros. Quero que vocês entendam: é uma gratidão imensa, imensa. Mas também é a certeza de que nós merecemos, de que a comunidade negra merece, de que a comunidade indígena merece. Agradecemos, mas sabemos também que esse lugar, esse direito, é nosso.
A seleção foi feita pelo Consórcio Viva Pequena África, formado pelo Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (Ceap), Diáspora.Black e Feira Preta, que são parceiras gestoras do edital.
Para Adriana Barbosa, idealizadora e diretora da Feira Preta, a ideia é transformar a Pequena África em um distrito criativo.
— Criar uma grande comunidade que se enxerga de maneira sistêmica, criar um ecossistema de vocação territorial. Vai ser muito importante o trabalho que será desenvolvido e que será referência para o Brasil.
Vencedores