“A violência policial tem como alvo a população pobre, negra e de periferia”, reage o sociólogo Cícero Albuquerque, professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), e militante da defesa dos direitos humanos. Ligado ao movimento pastoral da Igreja Católica, ele está dando apoio à família do adolescente José Wanderson Azarias, tentando evitar que o crime fique impune.
“Estamos diante de um fato de imensurável gravidade. Um adolescente de 14 anos foi executado. A sociedade não pode ignorar isso”, disse ele, anunciando que vai levar a família do adolescente morto e dos rapazes espancados às instâncias legais para que sejam adotadas as providências necessárias. O Conselho Tutelar de Atalaia também será chamado a se juntar às entidades da sociedade civil que estão se unindo para assegurar que o crime seja apurado.
Para o sociólogo, esse caso de Atalaia é significativo e mostra claramente a postura racista dos militares que estão nas ruas fazendo o policiamento ostensivo. Um dos adolescentes agredidos, cujo nome de batismo é o mesmo de um cantor famoso, foi humilhado pelos policiais ao se identificar. “Onde você já viu negro com nome de artista, seu filho da p…”, teria dito o militar, ao mesmo tempo em que estapeava o rosto do adolescente.
Como se recusou, dizendo que colocaria as mãos na cabeça, E.J.V.P.F. foi barbaramente espancado, com socos, coronhadas e tapas. O rapaz garantiu, no depoimento, que não tem antecedentes criminais e nem envolvimento com quaisquer ilícitos, por isso se surpreendeu com a truculência da guarnição, comandada por um soldado conhecido na cidade como “Rambo”.
Fonte: Gazeta de Alagoas