Manifestantes pintam frase #vidaspretasimportam na avenida Paulista (SP), em prostesto pelo assassinato de Beto Freitas, em Porto Alegre - Bruno Santos/Folhapress
A população negra (que inclui pretos e pardos) no Brasil coleciona indicadores sociais e econômicos abaixo da média nacional. A desigualdade leva homens e mulheres negros a terem empregos com salários menores e a morrerem mais por causas evitáveis ou assassinatos, em comparação com a população branca.
Esses são alguns dos dados que serão apresentados pelo Pacto Nacional pelo Combate às Desigualdades, a partir das 9h30 de hoje no Salão Nobre do Congresso Nacional. A ABCD (Ação Brasileira de Combate às Desigualdades), que reúne mais de 50 entidades do Brasil, é responsável pelo levantamento.
A presença de homens negros no ensino médio, por exemplo, é sistematicamente mais baixa do que a de outros grupos: apenas 64,3%, enquanto entre mulheres não-negras a taxa é de 78%.
Estudo da ABCD
No país, 41,6% das mortes de homens negros ocorreram por causas preveníveis, enquanto entre mulheres não-negras (brancas e amarelas) a proporção ficou em 20,9%. Em algumas Unidades da Federação, o indicador revela situações especialmente problemáticas. No Espírito Santo, por exemplo, quase metade das mortes de homens negros (48,2%) poderia ter sido evitada.
Estudo da ABCD
Sem acesso ideal a educação, os negros também ficam sujeitos a empregos com salários menores. Por exemplo: enquanto uma mulher negra no país tem rendimento médio de R$ 1.663, um homem branco recebe mais que o dobro disso: R$ 3.929.
Os brasileiros negros (pretos e pardos) ganham apenas 69,2% dos não negros (brancos e amarelos). A diferença é ainda maior em contextos como as regiões metropolitanas de Salvador, onde o rendimento dos negros é, em média, de apenas 42,7% daquele dos não negros.
Estudo da ABCD
Os negros também ocupam um percentual bem menor de cargos políticos e no topo do Judiciário. A maior sub-representação está no Judiciário, conforme a razão entre o percentual de negros nos tribunais e o percentual de negros na população.
Como é definido esse índice: Cálculo de razão é para saber se um segmento está sendo representado como deveria, comparado ao grupo social. Por exemplo, se a proporção de negros no Judiciário fosse de 25%, e na população fosse de 50%, a razão seria de 0,5.
Valores menores do que 1 indicam sub-representação. O cálculo é feito com base no percentual de negros na sociedade, segundo o IBGE; e no Judiciário, segundo o CNJ (Conselho Nacional de Justiça).