A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, preferiu responder ironicamente às acusações feitas pelo candidato do PSDB, José Serra, que acusou nesta quinta-feira (19) o PT de ser uma ameça à liberdade de expressão. Os dois presidenciáveis participaram hoje do 8º Congresso Brasileiro de Jornais, no Rio de Janeiro. Dilma chegou para o congresso aproximadamente duas horas após a saída de Serra e disse estranhar as afirmações do adversário. A petista disse ainda que “não vai baixar o nível”.
– Acho estranho. Porque ao mesmo tempo o candidato tenta, de uma forma muitas vezes patética, ligar seu nome ao do presidente Lula. Fez oposição ao Lula durante todo o tempo de governo do presidente Lula. O partido dele, o que ele representa e tem dia que ele [Serra] faz críticas e tem dia que ele quer ligar seu nome, seu projeto, ao projeto do presidente Lula. Então, o candidato Serra é assim, o que a gente pode fazer?
Dilma afirmou não ser contra conferências, apontadas no discurso de Serra como mecanismo para o cerceamento da liberdade de imprensa.
– Sou a favor de conferência. Em uma delas, a da cultura, tinha um ribeirinho do Amazonas participando. Aí perguntaram para ele o que achava que era uma conferência. Ele deu resposta mais sintética que eu não tenho condição de ir além dela que foi a de que “uma conferência é para conferir se tudo está nos conformes”. Eu acho que conferência é isso. A gente tem de aguentar todas as críticas. É função do governante ser capaz de escutar nas conferências, que é gente do povo conferindo se está tudo nos conformes.
Indagada se o tucano está mais duro nas críticas devido à queda nas pesquisas – na última sondagem, Dilma apareceu 16 pontos à frente de Serra – Dilma disse que não era capaz de responder pelas “oscilações” do canditado.
– Não tenho condição de me posicionar quanto a isso. Eu acho que isso fica a critério de vocês analisarem. Eu não tenho palavras, não tenho o que dizer das diferentes oscilaçoes do candidato. Eu não vou baixar o nível nessa eleição. Vou manter o nível elevado, vou discutir projetos e práticas. Acho importante discutir conferências. Nós não tememos os movimentos sociais. Muita vezes não adotamos as reivindicações, mas jamais vamos deixar de escutar. O princípio de escutar e dialogar é fundamental para a gente ter posição e perceber que, estar lá sentado na cadeira, a gente deve ao voto de milhões de brasleiros, e deve sobretudo respeito.
A petista, assim como Serra, assinou o decálogo pela liberdade de expressão, formulado em uma convenção no México, em 1994. No discurso sobre o tema, Dilma lembrou do período da ditadura da qual disse “fazer parte dessa geração” que passou pelo período obscuro da história do Brasil.
Fonte: R7