Foto Geraldo Magela / Agência Senado
Geledés – Instituto da Mulher Negra, organização fundada e liderada por mulheres negras, se solidariza, mais uma vez, com a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, após ter sido vítima de violência política de senadores da república, nesta terça-feira (27). É inadmissível o comportamento dos presidente da Comissão de Infraestrutura do Senado, Marcos Rogério (PL – RO), dos senadores Plínio Valério (PSDB – AM) e Omar Aziz (PSD – AM).
Seis dias após o Senado implodir as regras do licenciamento ambiental, Marina Silva foi convidada para falar sobre a conservação ambiental na Margem Equatorial na Comissão de Infraestrutura, parte da pressão pela exploração de petróleo na bacia da Foz do Amazonas. O que se viu foi uma tentativa coordenada de deslegitimar sua atuação e calar sua voz.
Em pleno século 21, uma das poucas Ministras de Estado é brutalmente desrespeitada em audiência no Senado Federal com frases como “ponha-se no seu lugar”. Os ataques representam, de forma explícita, a violência política de gênero e raça, além de estimular a violência contra mulheres em outros espaços, reforçando desigualdades estruturais e enfraquecendo a democracia.
Este não é um caso isolado. Mulheres negras que ocupam espaços de poder são alvos frequentes dessa violência, que busca deslegitimar sua atuação e silenciá-las. De acordo com o relatório da ONG Terra de Direitos e Justiça Global, 45% das candidatas negras sofreram violência política nas eleições de 2022. Além disso, o Monitor de Violência Política e Eleitoral da Unesp registrou um aumento de 400% nos casos de violência política contra mulheres entre 2018 e 2022.
À GloboNews, Marina disse que ninguém vai dizer qual é o lugar dela: “Quando esse bode expiatório é uma mulher preta, de origem humilde e que tem convicção, e que ninguém vai dizer, nem o senador e nem ninguém, qual é o meu lugar. O meu lugar é defendendo aquilo que eu acredito.”
A ministra expressou o que o movimento de mulheres negras reivindica por anos e nos convoca a pensar. É necessário que o espaço político seja seguro, justo e livre de violência contra as mulheres, para que o processo democrático seja genuinamente respeitado. Assim como a ministra Marina, exigimos retratação pela violência sofrida por ela na audiência, que atinge diretamente mulheres negras e não negras, em posição de liderança em diversos espaços políticos no Brasil.
Geledés – Instituto da Mulher Negra reafirma seu compromisso com a defesa dos direitos das mulheres, sobretudo das mulheres negras, como a ministra Marina, que historicamente enfrentam e se posicionam em relação às diferentes opressões e violências.