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Marcelo Valle Silveira Mello, preso desde maio de 2018, na deflagração da Operação Bravata, não poderá recorrer em liberdade, conforme a decisão desta quarta-feira (19). Defesa afirmou que vai recorrer.
Por José Vianna e Ederson Hising, do G1
Um homem foi condenado a 41 anos, seis meses e 20 dias de prisão por associação criminosa, divulgação de imagens de pedofilia, racismo, coação, incitação ao cometimento de crimes e terrorismo cometidos na internet.
A decisão, desta quarta-feira (19), é do juiz federal Marcos Josegrei da Silva, da 14ª Vara da Justiça Federal de Curitiba. A defesa informou que vai recorrer.
Marcelo Valle Silveira Mello, preso desde maio de 2018, na deflagração da Operação Bravata, não poderá recorrer em liberdade, conforme a decisão.
Ele também foi condenado à reparação de danos de R$ 1 milhão e ao pagamento de 678 dias-multa (no valor de um décimo do salário mínimo vigente em dezembro de 2016).
O valor da reparação de danos, segundo o despacho, será destinado a programas de combate aos crimes cibernéticos e programas educativos da área.
“Inequívoca, portanto, a sua periculosidade, sendo o acusado verdadeira ameaça à ordem social, se solto, não só na condição de autor de delitos como divulgação de imagens de pedofilia, racismo e líder de associação criminosa virtual, mas também como grande incentivador de cometimento de crimes ainda mais graves por parte de terceiros, como homicídios, feminicídios e terrorismo”, afirmou o juiz.
Na sentença, ele também disse que Mello tinha por hábito denunciar às autoridades postagens anônimas que ele mesmo produzia, na tentativa de se manter acima de qualquer suspeita.
Ao fixar a reparação de danos, o juiz afirmou que, mesmo já tendo sido condenado uma vez, “o réu não só voltou a praticar delitos da mesma natureza (racismo e divulgação de imagens de pedofilia) como outros até piores do que aqueles objeto da condenação anterior, demonstrando que a pena corporal não é suficiente.”
O que diz a defesa
A defesa de Marcelo Mello afirmou que vai recorrer da decisão por considerá-la “injusta e totalmente contrária a prova dos autos.”
“Não tem nenhuma materialidade sobre os fatos a ele imputados, e nenhuma perícia técnica foi feita, que comprove ser Marcelo o autor de qualquer delito narrado na denúncia”, disse, em nota.
Investigações
A Operação Bravata foi deflagrada pela PF no dia 10 de maio deste ano contra crimes praticados na internet. Mello foi preso em Curitiba. Outros oito mandados de busca e apreensão foram cumpridos em outras cidades fora do Paraná.
Entre os crimes investigados pela Operação Bravata, estavam racismo, ameaça e incitação. A prática de terrorismo. O alvo já tinha sido preso e condenado pelos mesmos crimes, segundo a polícia.
De acordo com a PF, a investigação começou com fatos verificados na Operação Intolerância, deflagrada em 2012.
À época, Marcelo Mello e outro homem foram presos suspeitos de alimentar um site com mensagens que incitavam a violência contra negros, homossexuais, mulheres, nordestinos e judeus e de incentivar o abuso sexual de menores.
A partir disso, foi apurado, segundo a PF, que outras pessoas continuaram a praticar crimes por meio dos mesmos sites e fóruns na internet, chegando a criar novos ambientes virtuais para a prática destes delitos.
Agressão a repórter
O programa Profissão Repórter foi atrás de Marcelo Mello, por causa de ataques cometidos contra feministas.
Ele era um dos principais agressores de Dolores Aronovich, conhecida como Lola. Ela é uma das feministas mais atuantes do Brasil.
O repórter do programa perguntou se ele não tinha medo de ser preso novamente, e Marcelo Mello respondeu: “Se eu for, vou sair logo logo. Em um ano, tô na rua de volta”. Ele agrediu a equipe de reportagem. Veja