Presidente Lula participa da primeira reunião do 'Conselhão' (Foto: TV Brasil/Reprodução)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou na manhã desta quinta-feira (4) da primeira sessão plenária do “Conselhão”, no Palácio Itamaraty, em Brasília.
A reunião marcou a posse dos 246 novos integrantes do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS), órgão que volta a funcionar neste terceiro mandato do petista. Criado por Lula na primeira gestão (2003-2007), o colegiado havia sido extinto pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O “Conselhão” tem a missão de auxiliar o presidente na formulação de políticas públicas para o desenvolvimento econômico, social e sustentável, além de analisar e articular propostas com setores da sociedade.
Segundo o governo, integrantes de movimentos sociais, setor financeiro, agronegócio e fintechs estão entre os representantes do grupo. Entre os nomes, estão a empresária Luiza Trajano, os influenciadores Felipe Neto e Nath Finanças, e a apresentadora Bela Gil.
Em discurso, o presidente Lula disse que o grupo representa a “cara da sociedade brasileira”. O petista afirmou considerar uma virtude do “Conselhão” reunir pessoas com pensamentos diferentes e que, deste diálogo, surgirão novas ideias para o país.
“Brasil não mais será país do monólogo, autoritarismo, pensamento imposto à força”, disse.
O colegiado é composto pelo presidente, que comanda o órgão, pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, pelo ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e por cidadãos brasileiros “de ilibada conduta e reconhecida liderança e representatividade”.
Durante a cerimônia de abertura, o ministro Alexandre Padilha afirmou que o “Conselhão” retorna para “mostrar ao Brasil que o diálogo é possível”.
“Mostrar para o Brasil que não queremos viver dentro do cercadinho, não queremos viver dentro das bolhas”, disse.
Padilha relembrou que atuou no “Conselhão” no segundo mandato de Lula e que, à época, o colegiado entendia que o principal desafio do país para sustentar um ciclo de crescimento era reduzir a desigualdade. “Esse desafio permanece”, afirmou.
O ministro ainda destacou que o grupo atual tem maior representatividade de mulheres, negros e de empresas do agronegócio.
Durante a reunião, integrantes do grupo fizeram discursos sobre temas como combate à desigualdade e medidas para avanço econômico.
A empresária Luiza Trajano convocou os participantes para fazer o “Brasil para já”. “Quero convocar vocês para sair do diagnóstico. Precisamos fazer acontecer, traçar planos, sair da teoria”, disse. Segundo a empresária, o grupo tem a “obrigação” de combater a desigualdade social.
O advogado Marco Aurélio de Carvalho falou em seguida e destacou a importância de discutir temas como sustentabilidade, combate à fome e fortalecimento das instituições democráticas.
A filósofa Sueli Carneiro frisou a necessidade de se discutir no “Conselhão” um modelo de desenvolvimento para que o país enfrente o racismo e opte “desta vez por desenvolvimento que permita a radicalização da democracia com equidade de gênero, equidade de raça e justiça social”.
O empresário Rubens Ometto afirmou que, na sua visão, “o futuro é verde e digital”. Ele reforçou o coro de Lula e ministros para redução da taxa Selic, que segue em 13,75% ao ano. Também disse que os empresários estão “asfixiados” pelos juro básico da economia.
Juvandia Moreira Leite, sindicalista, também reforçou as críticas ao Banco Central pela taxa Selic. “Isso inibe investimento produtivo, inibe a geração de emprego e renda”, disse.
Luiz Carlos Trabuco, presidente do conselho de administração do Bradesco, afirmou que a proposta de novo marco fiscal sinaliza o equilíbrio da dívida interna e ressaltou que o país tem uma dívida social, mas que só será combatida com crescimento econômico.
A produtora rural Teresa Vendramini afirmou que sua “pauta número um” é segurança jurídica para os agricultores. A declaração foi dada em um momento no qual o setor critica o MST por invasões de terras no país.
O líder indígena Kleber Karipuna agradeceu Lula pela recente homologação de seis terras indígenas. Ele disse ser possível preservar o meio ambiente, garantir as terras dos povos indígenas e aumentar a produção agrícola do país.
O presidente da Confederação Nacional da Indústria, Robson Andrade, defendeu a aprovação de uma reforma tributária e criticou o patamar da taxa de juros. “Com a taxa de juros que temos no Brasil, é impossível investir, trabalhar, produzir e ter bens disponíveis a custo adequado para população brasileira.”
Por fim, o empresário Marcel Fukayama afirmou que as empresas devem, também, gerar benefícios ambientais e que, diante das mudanças climáticas, é preciso regenerar o meio ambiente, já que somente preservar não é suficiente.
Confira quem são os 246 membros do novo “Conselhão”: