Mahershala Ali em uma cena de 'Green Book - O Guia'.
Por ROCÍO AYUSO, do El País
Não é a mesma coisa alcançar a fama depois de certa idade. As poucas pessoas que passam por isso tendem a ver a popularidade como algo temporário, um fenômeno interessante pelo qual talvez sejam gratas, mas que não as define, muito menos as exalta. Mahershala Ali, o ator de 44 anos que passou de coadjuvante em séries como House of Cards e Luke Cage a vencedor do Oscar por Moonlight: Sob a Luz do Luar e foi indicado novamente este ano por Green Book, é um bom exemplo. Se perguntado sobre o que mudou com a estatueta e ter se tornado um dos atores mais seguidos do momento, Ali responde pausadamente: “O Oscar lhes deu permissão para me contratar. Antes, talvez, também quisessem fazê-lo, mas agora tenho reconhecimento internacional suficiente para que tomem a iniciativa. Ouvem minhas ideias e me levam a sério, respeitam meu trabalho”. E onde está a cobiçada estatueta? Mesma pausa: “Está embrulhada em plástico-bolha porque acabei de me mudar.”
Ali usou sua fama não para bater às portas da Marvel ou outra grande produtora que assine cheques milionários, mas para voltar à televisão. “Há muito tempo que, para mim, tanto faz o meio”, diz, dando de ombros. Em particular, insistiu em chamar a atenção do produtor Nic Pizzolatto e estrelar a terceira temporada de sua saga de policiais angustiados, True Detective. O resultado pode ser visto às segundas-feiras na HBO. “Tive que lutar pelo papel”, lembra. “Meu avô era policial nos anos sessenta e setenta. Levei fotos dele para Nic. Expliquei o que a história ganharia se o personagem fosse negro. E me ouviu”, afirma. Ali estava convencido de que este projeto era para ele. “É a melhor coisa que li. Um grande trabalho. Um filme de oito horas das boas, que não deixa você fazer mais nada enquanto está assistindo”, diz. E insiste que, se a televisão o chamar de novo, estará lá. “Não tenho vontade de me comprometer durante anos com uma série na qual não possa ter controle. Mas algo da qualidade de True Detective, a qualquer momento.”