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Mapa da desigualdade: Moema tem melhores indicadores de SP, enquanto Brasilândia fica em último lugar

O ranking geral do Mapa da Desigualdade, divulgado nesta quinta-feira (26), mostra que Moema, na Zona Sul, tem os melhores indicadores na área de educação, habitação, segurança pública e saúde na cidade de São Paulo, enquanto a Brasilândia, na Zona Norte, tem os piores. A pesquisa é feita pela Rede Nossa São Paulo, e analisa serviços, infraestrutura e dados socioeconômicos dos 96 distritos da capital paulista.

Os dez distritos com melhores indicadores estão, em sua maioria, no Centro expandido da cidade. Moema pontuou 75,6 pontos de 96 possíveis, seguido de Butantã (74 pontos), na Zona Oeste, e Vila Mariana (71 pontos), na Zona Sul.

Já entre os dez piores, a maioria se concentra nas periferias das zonas Sul e Norte, mas também há exemplos da Zona Leste. Brasilândia pontuou apenas 49,39. Em seguida, aparece o Tremembé, também na Zona Norte, com 50 pontos, e Capão Redondo, na Zona Sul, com 53,5 pontos.

A pontuação leva em conta 11 áreas: saúde, educação, segurança pública, direitos humanos, meio ambiente, mobilidade, trabalho e renda, habitação, cultura, infraestrutura digital e esporte. A edição mais recente do Mapa da Desigualdade começou a ser divulgada em novembro, com rankings temáticos, e nesta quinta foi divulgado o ranking geral.

Veja os melhores bairros para se viver em São Paulo e a pontuação no ranking:

  1. Moema -75,68
  2. Butantã – 74
  3. Vila Mariana – 71,91
  4. Itaim Bibi – 71,16
  5. Lapa – 70,95
  6. Alto de Pinheiros – 70,92
  7. Perdizes – 70,77
  8. Pinheiros – 70,75
  9. Consolação – 70,16
  10. Morumbi- 69,48

Em Moema, a idade média ao morrer é de 79 anos, contra 64 na Brasilândia. A discrepância também fica clara quando analisada a mortalidade materna, que foi de 0 por 100 mil nascidos no primeiro distrito em 2024, e de 65,45 no bairro do extremo Norte paulistano. No Brasil, a taxa de mortalidade materna é cerca de 94 por 100.000 nascidos vivos, segundo o DataSUS, e a cidade de São Paulo como um todo tem uma média de 43,5/100 mil.

Jorge Abrahão, coordenador-geral da Rede Nossa São Paulo e do Instituto Cidades Sustentáveis, afirmou que alguns distritos da cidade têm nível de país desenvolvido, e que o mapa mostra que eles são exemplos dentro da própria cidade de como se pode avançar. Entretanto, apesar da riqueza de São Paulo e de alguns indicadores terem melhorado, as desigualdades entre os bairros não cessam.

— A prática tem mostrado que nós não estamos tendo sucesso, como sociedade na cidade de São Paulo, na redução desses índices de desigualdade. Há 20 anos, a diferença entre as idades ao nascer e morrer eram as mesmas do que hoje, apesar da expectativa de vida ter aumentado, a diferença permaneceu a mesma. Então a desigualdade não está sendo combatida — pondera.

Na mobilidade urbana, a Sé fica em primeiro lugar e a Pedreira amarga o último lugar da lista. A diferença entre o distrito central e o do extremo-sul da cidade é gritante: enquanto o morador da Pedreira passa em média 53 minutos no transporte público, para quem vive na Sé o tempo médio do trajeto cai para 26 minutos.

Dez distritos não têm nenhuma favela, o que gera discrepâncias geográficas também no quesito habitação. Alto de Pinheiros, Moema, Consolação, Jardim Paulista e Bela Vista são alguns dos bairros que têm os melhores indicadores dessa área, enquanto a Brasilândia é o pior — onde 24,71% dos domicílios estão em favelas em relação ao total de domicílios do distrito.

Na educação, dos 96 distritos de São Paulo, ao menos 41 apresentam notas abaixo da média nacional do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) na rede pública nos anos iniciais do ensino fundamental. Mas a situação está longe de ser homogênea no município, e a nota média das escolas da Vila Mariana, na Zona Sul, é quase 50% maior do que a do Pari, na região central. Os dados são do Mapa da Desigualdade, da Rede Nossa São Paulo, e revelam a discrepância da qualidade do ensino a depender do CEP da escola.

Quando considerados os anos iniciais do fundamental, do 1º ao 5º ano, a Vila Mariana alcança 7,3 de nota no Ideb, sendo o melhor resultado da cidade, enquanto no Pari a nota média é de 4,8. A média nacional para esta etapa na rede pública é de 5,7. A cidade como um todo chegou ao nível de de 5,6. Os dados consideram os resultados do Ideb realizado em 2023, divulgados em 2024, mas 17 distritos ficaram de fora da análise porque não há informações disponíveis sobre eles.

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