Reuters/Simon Dawson
A pandemia, que fez dispararem as ações das empresas de tecnologia negociadas em bolsa, criou um novo bilionário a cada 30 horas, ou seja, 573 novos ultrarricos, segundo divulgado pela ONG Oxfam neste domingo (22), mesmo dia da abertura do Fórum Econômico Mundial, em Davos (Suíça)
Como exposto no relatório intitulado “A necessidade urgente de taxar os ricos”, a Oxfam propõe taxar “urgentemente” as grandes fortunas do planeta e alerta que os mais pobres estão sofrendo cada vez mais com a inflação.
“Os bilionários vão a Davos comemorar o incrível aumento de suas fortunas”, disse Gabriela Bucher, diretora-executiva da organização internacional por meio de um comunicado.
Após um hiato de dois anos por causa da pandemia, as elites políticas e econômicas mundiais voltaram a se reunir a partir deste domingo (22) na cidade suíça de Davos para o Fórum Econômico Mundial.
Segundo a ONG, “a pandemia [de Covid-19] e agora as fortes altas nos preços dos alimentos e da energia têm sido simplesmente um golpe de sorte para eles”.
A Oxfam baseia seus números nas listas e classificação da revista Forbes das pessoas mais ricas do mundo, e em dados do Banco Mundial.
O relatório não traz a lista dos novos ultrarricos, mas destaca que a riqueza total dos bilionários do mundo é agora equivalente a 13,9% do PIB global.
O relatório também revelou que:
Diante deste aumento da riqueza, 263 milhões de pessoas vão cair na pobreza extrema este ano (um milhão de pessoas a cada 33 horas), segundo suas previsões, devido à inflação em alta em muitas partes do mundo, impulsionada principalmente pelo preços da energia e dos alimentos.
“Estamos revertendo décadas de progresso em matéria de pobreza extrema, com milhões de pessoas que enfrentam custos impossíveis para simplesmente se manter com vida”, disse Bucher.
Para fazer frente a este problema, a ONG pede a adoção de medidas fiscais, como a adoção de um imposto de solidariedade único sobre a nova riqueza adquirida pelos bilionários durante a pandemia, com o objetivo de utilizar os recursos obtidos para apoiar os mais pobres e conseguir “uma recuperação justa e sustentável” após a pandemia.
A Oxfam também propõe um imposto temporário sobre os lucros extraordinários obtidos nos últimos anos pelas multinacionais dos setores alimentício, farmacêutico e petroleiro, por exemplo.
Um imposto anual de 2% sobre os milionários e de 5% sobre os bilionários geraria 2,52 bilhões de dólares ao ano, segundo estimativas da organização, um montante que poderia tirar 2,3 bilhões de pessoas da pobreza extrema, distribuir vacinas suficientes para todo o planeta e dotar todos os países pobres de cobertura sanitária.