A maioria dessas cidades está em áreas de grande vulnerabilidade social; entidades de classe farão encontro em Brasília para articular derrubada da MP e dos vetos de Dilma à lei do Ato Médico.
São Paulo – Os médicos com registro válido no Brasil selecionados na primeira fase do Programa Mais Médicos têm até as 16h deste sábado (3) para homologar a participação e assinar termo de compromisso confirmando o interesse no município indicado. A lista final com profissionais e municípios que participarão desta primeira seleção será publicada na segunda-feira no site do Ministério da Saúde (MS). A próxima chamada de médicos e municípios começa no próximo dia 15.
Conforme balanço divulgado ontem (1º), foram selecionados 1.753 médicos para atuar em 626 municípios. Segundo o MS, mais da metade (51,3%) está localizada em áreas de grande vulnerabilidade social do interior, e 48,6% nas periferias de capitais e regiões metropolitanas. Todas as localidades estão entre as prioritárias do programa.Do total, 375 têm 20% ou mais de sua população em situação de extrema pobreza.
A região Nordeste concentra municípios contemplados com o maior número de médicos, um total de 619 profissionais direcionados a 300 cidades e um distrito sanitário especial indígena (DSEI), seguido pelo Sudeste, com 460 dos médicos para 122 municípios, Sul, com 244 médicos em 90 municípios. A região Norte vai receber 250 médicos em 74 municípios e 17 distritos, e o Centro-Oeste, 180 médicos para 40 municípios e cinco DSEI.
Os estados que receberão mais médicos serão Bahia (161), Minas Gerais (159), São Paulo (141), Ceará (138), Goiás (117), Rio Grande do Sul (107) e Amazonas (73).
O ministro Alexandre Padilha afirmou estar satisfeito com os profissionais interessados em atuar nas regiões mais carentes do Brasil, mas reconheceu a grande demanda a ser atendida. “Nesta primeira seleção, focada nos médicos brasileiros, ainda ficamos com um déficit de 13.647 vagas”, destacou.
O programa estabelece prioridade para os profissionais brasileiros no preenchimento dos postos de trabalho. As vagas remanescentes serão oferecidas aos brasileiros graduados no exterior e em seguida aos estrangeiros.
Entre os próximos dias 6 e 8, os que se formaram no exterior e finalizaram o cadastro poderão escolher os municípios com vagas não ocupadas por brasileiros. No dia 9, será publicada a lista das localidades que receberão estrangeiros.
Os médicos do programa – brasileiros ou estrangeiros – devem começar a atuar nos municípios em setembro. Todos os profissionais formados no exterior serão avaliados e supervisionados por universidades federais, de todas as regiões do país, que se inscreveram nesta primeira etapa do programa.
As entidades médicas seguem em oposição ao programa. Nos próximos dias 8, 9 e 10, o Conselho Federal de Medicina (CFM), a Associação Médica Brasileira (AMB) e a Federação Nacional dos Médicos (Fenam), com apoio de outras entidades de classe, vai realizar encontro nacional extraordinário em Brasília.
Na pauta estão estratégias para a derrubada dos vetos da presidenta Dilma Rousseff ao Ato Médico, que regulamenta a profissão, e da Medida Provisória 621, que institui o programa Mais Médicos.
Já nas universidades federais o apoio é crescente depois que o governo desistiu de aumentar em dois anos o tempo de duração da graduação em Medicina. O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, esteve hoje em Belém com dirigentes de instituições federais de ensino superior para discutir a supervisão das entidades aos médicos do programa. Das 59 universidades federais, 41 universidades já fizeram a pré-adesão e tem até o fim do mês para confirmar a participação no programa.
Segundo Mercadante, com a mudança na proposta de formação médica, os reitores ficaram mais sensíveis ao programa e vão aprofundar os debates com suas comunidades.
Fonte: Rádia Brasil Atual