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Que o orun receba Arlindo Cruz, o “sambista perfeito”

Arlindo Cruz marcou a história do samba com canções memoráveis como “Meu Lugar”, “Será Que é Amor” e “O Show Tem Que Continuar”, composta em parceria com Sombrinha e Luiz Carlos da Vila. O carioca de Madureira, bairro da zona norte do Rio de Janeiro (RJ), faleceu nesta sexta-feira (08), aos 66 anos de idade.

“Mais do que um artista, Arlindo foi um poeta do samba, um homem de fé, generosidade e alegria, que dedicou sua vida a levar música e amor a todos que cruzaram seu caminho”, diz  nota publicada pela família e equipe do artista. Em 2017, o cantor sofreu um acidente vascular cerebral e ficou com sequelas graves, o que impossibilitou a continuidade de sua carreira. Desde março deste ano, o sambista estava internado devido a uma pneumonia. 

Sua trajetória na música começou cedo. Aos seis anos de idade, ganhou um cavaquinho do pai. Tempos depois, estudou teoria musical e violão clássico na escola Flor do Méier. Aos 17, tocou cavaquinho no disco “Roda de Samba”, do cantor e compositor Candeia. 

O filho de Aracy Marques da Cruz e Arlindo Domingos da Cruz ganhou destaque no meio musical ao participar de rodas de samba do bloco Cacique de Ramos, na zona norte do Rio de Janeiro. Em 1981, entrou para o grupo Fundo de Quintal, onde ficou por 12 anos. Depois disso, fez dupla com Sombrinha, também ex-integrante do Fundo de Quintal, com quem gravou cinco discos. 

A fase seguinte foi a carreira solo, marcada, entre outras coisas, pelo disco “Sambista Perfeito”, de 2007. O nome, que também é título de sua biografia, escrita por Marcos Salles, vem do apelido que recebeu de admiradores e amigos. 

O compositor e instrumentista escreveu mais de 550 músicas. Algumas delas gravadas por nomes como Beth Carvalho, Alcione, Maria Rita e Mart’nália. Suas composições também marcaram a história da escola de samba Império Serrano, que desfilou por 12 carnavais com músicas de autoria de Arlindo e parceiros. Colaborou ainda com as escolas Acadêmicos do Grande Rio e Unidos de Vila Isabel.

“O samba é uma herança popular, todo brasileiro tem como trilha sonora um samba, uma música que marca um momento. Isso faz com que a música mais popular do Brasil seja o samba”, afirmou o artista em entrevista ao programa Metrópolis, da TV Cultura, em 2016.

Em 2015, foi eleito o melhor cantor de samba no Prêmio da Música Brasileira. Foi também indicado cinco vezes ao Grammy Latino. 

Arlindo Cruz deixa a esposa, Babi Cruz, e dois filhos, Arlindinho e a Flora Cruz.

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