Francia Márquez (Foto: Natália Carneiro/Geledés)
As eleições legislativas que ocorreram neste domingo (14) na Colômbia consagraram Gustavo Petro como o favorito a vencer as eleições do país que ocorrem em maio deste ano.
Com mais de 4 milhões de votos, Petro será o nome da coalizão Pacto Histórico, uma coalizão de esquerda, mas, uma outra pleiteante ganhou destaque quando os resultados da prévia foi divulgado: Francia Márquez, que também disputou as gerais do Pacto Histórico e ficou em segundo lugar com 757 mil votos (15%) e superou, em votos, o candidato de centro.
Após receber os resultados, Francia Márquez e seus apoiadores apenas cantavam e repetiam o slogan da campanha: “O povo não se rende, porr*!”.
Porém, além de ter atropelado nomes tradicionais da política colombiana, outros dois fatores também explicam o fato de Francia Márquez ser considerado um fenômeno político: é a primeira mulher negra a disputar uma prévia presidencial e a sua campanha começou apenas há três meses. Isso, quando comparado com Gustavo Petro e os outros nomes, é um fato para lá de histórico, pois, todos eles estão há anos em campanha política.
A trajetória política de Francia Márquez
Francia Márquez nasceu em La Toma Suárez, região de Cauca, no Oeste da Colômbia e começou a ganhar destaque na cena política da Colômbia ao denunciar a mineração ilegal do Ouro, que afeta o ecossistema do rio Ovejas e mais de 250 mil pessoas de sua comunidade.
Em 2018 Márquez convocou um ato que lhe renderia o Prêmio Ambiental Goldman 2018 (conhecido como Nobel Ambienta):Márquez convocou 80 mulheres de sua região e, juntas, caminharam por 10 dias cerca de 350 quilômetros até Bogotá. O ato tinha por objetivo fazer com que as autoridades “ouvissem” as demandas do movimento.
Conhecida por ter uma retórica contundente e direta, Franca Márquez tem como bandeiras prioritárias o fim da desigualdade econômica das mulheres, a descriminalização do aborto, presença do Estado em regiões periféricas, erradica o racismo estrutural e preservação do meio ambiente e da “mãe terra”, com ela costuma dizer.
“Cresci com essas visões de colonialismo, racismo, violência armada, violência estrutural, mas também com a resistência de minha mãe, minha avó, que não aprendeu uma carta, mas que sempre nos ensinou que o importante é cuidar da vida e ver o território como um patrimônio ancestral”, declarou Márquez ao France 24.
Todavia, a questão enfrenta resistência entre os aliados, que preferem um nome “mais ao centro” para ocupar a vice de Petro. Porém, o campo mais à esquerda do Pacto Histórico afirma que, além da sub-representação de mulheres na lista legislativa, o número de votos recebido por Márquez a cacifa para ser a vice-presidenta da chapa.
Após tomar conhecimento dos resultados, Francia Márquez conversou com a imprensa e fez questão de destacar que não se tratava de uma trinfo seu ou de Gustavo Petro, mas sim do povo colombiano que está optando por um caminho para o país.
“É um triunfo do povo colombiano, o povo desse país está banhado em sangue e agora temos a oportunidade de corrigir, o voto pela Justiça, dignidade e paz. Temos o voto que pode ser capaz de colocar no centro das preocupações a vida. A tarefa não está concluída, está apenas começando. O povo não se rende”, disse Márquez.