Mulher Negra

Tem mulher negra no audiovisual, sim! (E se reclamar vai ter mais ainda…)

As mulheres negras, cada vez mais, ocupam os espaços que lhes foi historicamente negados. No audiovisual não é diferente. Para se ter uma ideia, de acordo com os dados da Agência Nacional de Cinema (Ancine) de 2016, nenhum dos 142 longa-metragens produzidos no Brasil foi dirigido por uma mulher negra. E a falta de representatividade também se dá em outras esferas da produção audiovisual, como na produção, roteiro, parte técnica e atuação. Mas o interesse e participação delas no setor são crescentes e diversas produções vêm se viabilizando e visibilizando nos últimos anos, inclusive no Espírito Santo.

Por Vitor Taveira, do Século Diário

Divulgação

Na realidade capixaba, o Cineclube Teresa de Benguela surgiu em 2017 e vem ajudando a divulgar essa produção e os olhares das mulheres negras no audiovisual. Em julho, mês da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, o projeto prepara uma série de vivências que incluem exibição de filmes e rodas de conversa com as produtoras. De cinco obras que serão exibidas em três vivências, quatro foram dirigidas por mulheres negras capixabas e uma é do Rio de Janeiro.

O pontapé inicial desta temporada nomeada “Vivências”, que acontece no Museu Capixaba do Negro “Verônica da Pas” (Mucane), vai ser dado neste sábado (7), às 15h, com a exibição da obra Raiz Forte, uma websérie documental dirigida pela artista Charlene Bicalho, que estará presente para uma roda de conversa.

A segunda sessão será no dia 18 de julho, às 18h30, com a exibição de dois curta-metragens: Quando você volta?, de Beatriz Moreira, e Braços Vazios, de Daiana Rocha. Daiana e a assistente de produção de Quando você volta?, Mayara dos Santos, estarão presentes para a conversa posterior com o público.

No dia 28 de julho, às 15h, em parceria com o Cineclube Afoxé, a sessão cineclubista irá exibir Cabelo bom, de Swahili Vidal e Claudia Alves, e Revejo, de Láisa Freitas. Na roda de conversa posterior estarão presentes Tamyres Batista, Karol Mendes, Láisa Freitas e Bárbara Cazé.

Já no próximo mês, agosto, o projeto traz a II Mostra Cineclube Teresa de Benguela – Encontros, no Cine Metrópolis, cuja programação ainda não foi divulgada. Dentro do evento será realizado o LabTeresa – Narrativas Negras, um laboratório para desenvolvimento de projetos de curta-metragem focado nas mulheres negras, que acontece de 13 a 15 de agosto.

A proposta do laboratório é justamente apresentar ferramentas que incentivem e fortaleçam a inserção e permanência das realizadoras negras no audiovisual. As consultoras do laboratório são a diretora Camila de Moraes e a produtora Mariani Ferreira, do longa-metragem documentário O Caso do Homem Errado (2017), o segundo longa-metragem dirigido por uma mulher negra a entrar no circuito comercial.

As candidatas devem preencher o formulário de inscrição e encaminhar documento com Argumento, Roteiro, Proposta de direção (abordagem estética, conceitual e objetivos), Estimativa de orçamento, Currículo da proponente (diretora) e Equipe e currículo de cada integrante (quando houver). Com 15 vagas gratuitas, e preferencialmente para realizadoras negras, as inscrições estão abertas até o dia 11 de julho, com a publicação dos resultados em 1 de agosto.

AGENDA CULTURAL

Cineclube Teresa de Benguela: Vivências
Quando: 7, 18 e 28 de julho
Onde: Museu Capixaba do Negro “Verônica da Pas” (Mucane) -Avenida República, 121, Centro, Vitória/ES.

PROGRAMAÇÃO
7/7 – Sábado – 15h às 18h
-Exibição Raiz Forte. Dir. Charlene Bicalho, 30 min, 2013. ES. Websérie documental.
-Roda de conversa com Charlene Bicalho.

18/7 – Quarta-feira – 18h30 às 21h30
-Exibição Quando Você Volta?, Dir. Beatriz Moreira, 20 min, 2017, ES e Braços Vazios. Dir. Daiana Rocha, 16 min, 2018, ES.
-Roda de conversa com Daiana Rocha e Mayara dos Santos (assistente de produção Quando você volta?)

28/7 – Sábado – 15h às 18h – Sessão em parceria com o Cineclube Afoxé
-Exibição Cabelo Bom. Dir. Swahili Vidal e Claudia Alves, 15 min, 2016, RJ e Revejo, Dir. Láisa Freitas, 18 min, 2017, ES/SP.
-Roda de conversa com Tamyres Batista, Karol Mendes, Láisa freitas e Bárbara Cazé (integrante do Cineclube Afoxé).

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