Posicionamento oficial do Coletivo de Entidades Negras sobre posições discriminatórias de Deputados Dederais – contra o racismo, o machismo a homofobia e toda forma de discriminação

O dia 21 de março é data internacional, homologada pelas Organizações das Nações Unidas (ONU), como o Dia Internacional de Luta Contra a Discriminação Racial e o ano de 2011 foi definido pela mesma ONU como o Ano Internacional para Descendentes de Africanos.

Coincidentemente, o mês de março foi marcado por três posições discriminatórias de parlamentares brasileiros, altamente ofensivas à população negra, em particular e também às mulheres e homossexuais.

No dia 22 de março, o deputado federal Júlio Campos, do DEM/MT, provocou constrangimento ao criticar a eficácia do foro especial destinado a autoridades públicas ao dizer: “Essa história de foro privilegiado não dá em nada. O nosso Ronaldo Cunha Lima [ex-deputado e ex-governador da Paraíba] precisou ter a coragem de renunciar ao cargo para não sair daqui algemado, e, depois, você cai nas mãos daquele moreno escuro lá no Supremo, aí, já viu”, afirmou Campos.

Logo depois, o deputado federal Jair Bolsonaro (PP/RJ) deu uma entrevista ao programa CQC onde, questionado pela cantora Preta Gil, o que faria caso um filho seu se apaixonasse por uma mulher negra respondeu textualmente: “Ô Preta, não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. Eu não corro esse risco. Meus filhos foram muito bem educados e não viveram em ambiente como, lamentavelmente, é o teu”, respondeu. Quando indagado  sobre as cotas, que ele e seus dois filhos, também parlamentares no Rio de Janeiro, atuam  rontalmente contrários, respondeu: “Eu não entraria em um avião pilotado por um cotista nem aceitaria ser operado por um médico cotista”.

Mas foi ao se defender da repercussão imediata de sua participação no programa, principalmente às questões ligadas a racismo, por conta da resposta a Preta Gil que Bolsonaro conseguiu mostrar-se mais preconceituoso ainda. Ao afirmar que havia entendido que a  pergunta se referia a um filho seu ser homossexual, ele afirmou: O homem é produto do meio,

imagina se pega essa lei, permitindo que casais homossexuais adotem crianças? Vão fazer reserva de mercado para jovens garotos homossexuais. O filho vai crescer vendo a mãe bigoduda ou careca, o pai andando de calcinha ou a mãe de cueca.

Para fechar com chave de ouro o deputado federal Pastor Marco Feliciano (PSC-SP) publicou em seu Twitter que “sobre o continente africano repousa a maldição do paganismo, ocultismo, misérias, doenças oriundas de lá: ebola, aids. Fome”. E continuou: “A maldição que Noé lança sobre seu neto, Canaã, respinga sobre o continente africano, daí a fome, pestes, doenças, guerras étnicas!”. Segundo o deputado, a Bíblia sustenta a teoria de que o continente africano foi amaldiçoado. O parlamentar afirma que, pela Bíblia, Cam, filho de Noé, “vê a nudez do pai” em um momento de embriaguez de Noé e ri. Quando Noé volta em si, ele chama Cam e seu neto Canaã e joga uma maldição sobre o neto, que, posteriormente seria o responsável por povoar o continente africano.

Em entrevista, o deputado reafirmou as frases colocadas na rede social. Ele afirmou que tudo isso é um “ensinamento teológico avançado”. Feliciano nega que seja racista e diz que “ora pela África”. “O problema do continente africano é espiritual e se vence com oração. Isso poderia ter acontecido com outro continente, mas foi lá. Eu apenas citei um texto que é teológico para quem quiser aprender. O resto é maldade das pessoas”.

A polêmica relativa à África não é a única da página do parlamentar na rede social. Feliciano faz também ataques a homossexuais. “A podridão dos sentimentos dos homoafetivos levam ao ódio, ao crime, a rejeição”, diz ele em um dos posts.

Fonte: Coletivo de Entidades Negras

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