O dia 27 de outubro, Dia de Mobilização Nacional Pró-Saúde da População Negra

Fonte: Sociedade Oasis –

O dia 27 de outubro, Dia de Mobilização Nacional Pró-Saúde da População Negra, marca o compromisso que temos na implementação de ações que reduzam as desigualdades no acesso aos serviços de saúde e nos índices de doenças da população negra.

 

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem olhado com atenção esse tema.

Em 2004, criou um comitê técnico para discussão sobre o assunto, que logo conseguiu a ampliação do tratamento da anemia falciforme, uma doença genética freqüente nesta população.

No fim do ano passado, foi aprovada a Política Nacional de Saúde da População Negra. O novo texto é um marco para o atendimento à saúde da população negra. Por meio dele, o governo federal reconhece a existência do racismo institucional e a desigualdade étnico-racial.

 

Pronunciamento do Ministro da Saúde -José Gomes Temporão

 

Doença falciforme, hipertensão arterial, diabete mellitus, miomas uterinos, glaucoma, deficiência da enzima glicose-6-fosfato desidrogenase são doenças com maior incidência nas pessoas negras. O quadro de saúde da população negra é agravado em razão da pobreza crônica vivida pelas pessoas negras e do racismo camuflado existente no Brasil. Assim mulheres e homens negros adoecem mais e morrem mais em todas as idades.


Doença Falciforme

 

Descoberta há cerca de 95 anos, a doença falciforme continua sendo desconhecida da grande maioria da população. É uma doença hereditária: pode ser passada dos pais para os (as) filhos(as). Uma das características é a anemia crônica.

 

Uma das conseqüências da doença é o atraso da entrada na puberdade, ou seja, a primeira menstruação tende a ocorrer mais tarde do (por volta dos 16 anos de idade). Mulheres falcêmicas também apresentam gravidez de alto risco, com maiores chances de complicações na hora do parto.

 

Para aquelas que não têm a opção de usar métodos anticoncepcionais mais apropriados, alternativa são, fazer uso do preservativo masculino ou feminino a cada relação ou substituir a pílula por um anticoncepcional injetável, o que pode levar à diminuição do fluxo menstrual. Mesmo sendo portadora de doença falciforme, engravidar é um direito da mulher e somente ela poderá decidir se deseja ou não ter um(a) filho(a), após ser informada quanto aos cuidados com seu corpo durante a gestação e que pode ter uma criança falcêmica.

 

Miomas Uterinos

 

São tumores que se formam no útero, mas que não se espalham para outras regiões do corpo e podem ocorrer em 20% das mulheres entre a primeira menstruação e a menopausa. As mulheres negras apresentam mais chances de desenvolver a doença, que pode aparecer a partir dos 25 anos de idade. Os sintomas mais comuns são perda de sangue, dores pélvicas e alterações no peso. O tratamento pode ser cirúrgico, retirando-se somente o mioma (miomectomia) ou todo o útero (histerectomia). Depois da retirada do útero, a mulher pode passar a ter ondas de calor, ressecamento da vagina, flacidez das mamas e a chance de ter osteoporose também aumenta.

 

Mortalidade Materna

 

É a morte de uma mulher durante a gravidez, parto ou durante aborto espontâneo ou provado até 42 dias após o final da gestação, independentemente da duração ou da localização da gravidez. A mortalidade materna tardia é aquela que ocorre depois dos 42 dias do parto até um ano após o fim da gravidez.

 

Vários fatores expõem as mulheres negras à mortalidade materna: pressão alta, falta de profissionais de saúde com capacidade de atender às especificidades da saúde da mulher negra. A taxa de mortalidade materna entre as mulheres negras é seis vezes maior do que entre as brancas.

 

Tratamento desigual durante a gravidez

 

Alguns números demonstram o tratamento diferenciado às mulheres negras e brancas durante a gestação. De cada 100 mulheres negras, 30 procuram mais de um hospital para realizar o pré-natal, enquanto esta taxa cai para 18, entre as mulheres brancas. De cada 100 mulheres negras, 12 não receberam anestesia na hora do parto. Este número diminui para 7 entre as mulheres brancas.

 

As doenças citadas, aliadas ao descaso do poder público e às condições precárias de moradia e de vida têm agravado a saúde da população negra, cujo quadro deve mudar quando o Estado reconhecer que todos (as) têm direito à saúde, respeitando a diversidade entre povos e regiões.

 

Mobilização Pró-Saúde da População Negra ganha os Estados brasileiros

Fonte: Coletivo de Entidades Negras –

Redes da sociedade civil, governos e movimentos sociais promovem no próximo dia 27 de outubro o Dia Nacional de Mobilização Pró-Saúde da População Negra. Esta semana, uma série de atividades já serão realizadas para envolver a sociedade na luta contra o racismo no setor saúde e pela implementação da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (veja no mapa).O tema da Mobilização Nacional é “Racismo faz mal a saúde: Política de Saúde da População Negra Já!”.

Em parceria com o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e com o apoio do Programa Interagencial de Promoção da Igualdade de Gênero, Raça e Etnia – Nações Unidas, Brasil e do MDG F – Fondo para el Logro de los DOM , a mobilização inicia em 20 de outubro e termina em 20 de novembro, tendo como principais protagonistas as Redes Nacionais de Controle Social e Saúde da População Negra, Religiões Afro-Brasileiras e Saúde, Lai Lai Apejo: População Negra e Aids e de Promoção e Controle Social da Saúde das Lésbicas Negras (Sapatá).

“Queremos chamar a atenção da sociedade civil e dos poderes públicos para o racismo institucional que existe no SUS e para a defesa do sistema. É fundamental que a política seja efetivada para que a população negra seja atendida e acolhida a partir dos princípios de universalidade”, destaca Verônica Lourenço, representante da Rede Nacional de Controle Social e Saúde da População Negra, em João Pessoa (PB).

A Política Nacional de Saúde Integral da População Negra/PNSIPN foi criada em 2006, para melhorar o trabalho de profissionais e gestores do Sistema Único de Saúde na promoção do direito de negras e negros à saúde integral. A PNSIPN aponta dois caminhos principais:

– Enfrentar o racismo e sua presença no SUS: por meio de formação e treinamento de todas as pessoas que trabalham na saúde.
– Dar atenção à prevenção e ao tratamento dos problemas de saúde que mais atingem a população negra: por meio da reorganização dos serviços, da formação, educação permanente e qualificação de profissionais, da disponibilização de equipamentos, exames, medicamentos e tudo o que for necessário.

Médica, representante do movimento negro no Conselho Nacional de Saúde e coordenadora da organização não governamental (ONG) Criola, Jurema Werneck chama a atenção para as deficiências no atendimento das mulheres negras, que sofrem com os maiores índices de morte materna por causas que poderiam ser evitadas.

“A mulher negra por ínumeras razões, inclusive pelo impacto do racismo institucional, está mais vulnerável a ter pressão alta na gravidez, o que pode provocar a pré-eclâmpsia e a eclâmpsia. Quando as mulheres negras conseguem fazer o pré-natal, não conseguem o número de consultas mínimas necessárias e, quando conseguem, nem sempre recebem atendimento adequado, como a medição da pressão arterial, ou seja, várias mortes poderiam ser prevenidas, evitadas, caso não houvesse negligência, omissão, ou mesmo inferiorização destas mulheres”, destaca Jurema.

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