Trajectória da vida do primeiro Presidente de Angola

Enviado por / FonteDo ANGOP
Luanda – Eis a trajectória da vida do fundador da Nação e primeiro Presidente da República de Angola, António Agostinho Neto:
1922 – Nasce às cinco horas do dia 17 de Setembro, em Kaxicane, município de Icolo e Bengo, província de Luanda, António Agostinho Neto, filho de Agostinho Pedro Neto, catequista de missão americana em Luanda, sendo mais tarde pastor e professor nos Dembos, e de Maria da Silva Neto, professora primária.
1934 – No dia dez de Junho obtém o certificado da escola primária, que frequentou em Luanda.
1937 – Os seus pais mudam-se para Luanda, onde Agostinho Neto prossegue os seus estudos secundários no Liceu Salvador Correia.
1944 – Completa o 7º ano dos Liceus, obtido no Liceu Salvador Correia, de Luanda.
– Sendo funcionário dos serviços de saúde deixa Angola e embarca para Portugal, a fim de frequentar a Faculdade de Medicina de Coimbra.
– Integra-se e participa nas actividades sociais, políticas e culturais da secção de Coimbra da Casa dos Estudantes do Império, com sede em Lisboa, que esteve sob o regime compulsivo de “direcção administrativa” (nomeada pelo Governo) desde 1951 até 1957.
1947 – Surge o grupo que actua sob o lema “Vamos Descobrir Angola”, que dá origem ao Movimento dos Jovens Intelectuais de Angola, de que Agostinho Neto foi elemento integrante, embora vivendo em Portugal.
1948 – É concedida a Agostinho Neto uma bolsa de estudos pelos Metodistas americanos.
– Transfere a sua matrícula para a Faculdade de Medicina de Lisboa, cidade onde passa a residir e onde continua a sua actividade cultural e política no seio da Casa dos Estudantes do Império.
– Funda em Coimbra, com Lúcio Lara e Orlando de Albuquerque, a revista Momento, na qual colabora.
1950 – É publicada em Luanda a revista Mensagem, órgão da Associação dos Naturais de Angola, no qual Agostinho Neto colabora.
– É preso pela PIDE, em Lisboa, quando recolhia assinaturas para a conferência Mundial da Paz de Estocolmo ficando encarcerado durante três meses.
– Em Lisboa, Agostinho Neto, de parceria com Amílcar Cabral, Mário de Andrade, Marcelino dos Santos e Francisco José Tenreiro fundam, clandestinamente, o Centro de Estudos Africanos, que tinha finalidades culturais e políticas orientadas para a afirmação da nacionalidade africana.
– É novamente preso pela PIDE, em Lisboa.
1951 – As autoridades policiais acabam com o Centro de Estudos Africanos, fundado no ano anterior.
– Em Lisboa, “com trabalhadores marítimos angolanos funda o Club Marítimo Africano, correia de transmissão entre os patriotas angolanos que se encontravam em Portugal e os que, em Angola, preparavam os alicerces do movimento de libertação”.
1955 – É preso no mês de Fevereiro e, posteriormente, condenado a dezoito meses de prisão.
1956 – Uma petição internacional circula nos meios intelectuais a pedir a sua libertação que, em França, é assinada por nomes altamente prestigiados, como Simone de Beauvoir, François Mariac, Jean-Paul Sartre e o poeta cubano Nicolás Guillén.
– Em Setembro realiza-se em Paris o 1º congresso de escritores e artistas negros, no qual participaram escritores das colónias portuguesas, tais com Marcelino dos Santos, e onde foi lamentada a ausência de Agostinho Neto.
– A 10 de Dezembro funda-se o MPLA – Movimento Popular de Libertação de Angola, a partir da fusão de vários movimentos patrióticos, encontrando-se Agostinho Neto, nessa data, nas prisões de Lisboa.
1957 – É solto das prisões da PIDE no mês de Julho.
1958 – A 27 de Outubro licencia-se em medicina pela Universidade de Lisboa e no mesmo dia casa com Maria Eugénia Neto.
– Toma parte na fundação do Movimento Anti-colonialista (MAC), que congregava patriotas das diversas colónias portuguesas para uma acção revolucionária conjunta nas cinco colónias portuguesas: Angola, Guiné Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Moçambique.
– Nasce, em Lisboa, o seu primeiro filho, Mário Jorge Neto, aos 09 de Novembro.
1959 – A 29 de Março, em Luanda, efectuam-se prisões massivas de nacionalistas proeminentes e assiste-se a uma escalada de terror policial.
– Em Julho irrompe novas escaladas de terror, mais prisões massivas e sequentes julgamentos em que são aplicadas penas severas aos militantes do MPLA.
– A 22 de Dezembro de 1959, acompanhado da mulher e do filho Mário Jorge, de tenra idade, deixa Lisboa regressando a Luanda, onde abre um consultório médico.
– Agostinho Neto ocupa a chefia do MPLA, em território angolano.
1960 – Eleito Presidente Honorário do MPLA.
– 08 de Junho de 1960 é preso em Luanda. As manifestações de solidariedade diante do seu consultório médico e na sua aldeia são esmagadas pela polícia. Transita para cadeia do Algarve em Portugal. Pouco depois é deportado para o arquipélago de Cabo Verde, ficando instalado na Vila de Ponta do Sol, ilha de Santo Antão e, depois, transita para Santiago até Outubro de 1962.
1961 – A 4 de Fevereiro é desencadeada a luta armada pelo MPLA, com assalto às cadeias de Luanda, seguindo-se uma forte repressão.
– A 5 de Fevereiro realiza-se o funeral dos polícias mortos durante os ataques às prisões de Luanda e urdem-se pretextos para um massacre sobre os patriotas angolanos.
– Agostinho Neto é preso na cidade da Praia, ilha de Santiago, Cabo Verde, e é transferido para as prisões do Aljube, em Lisboa, onde deu entrada a 17 de Outubro de 1962.
1961 – Campanha internacional em prol da libertação de Agostinho Neto. A revista Présence Africaine dedica um número especial a Angola e condena severamente as autoridades fascistas portuguesas, expondo o receio pela vida dos prisioneiros, incluindo Agostinho Neto, formulando um apelo universal contra os torturadores da PIDE.
– The Times publica manifestações de protesto contra a prisão de Agostinho Neto, assinadas por figuras de mais elevada craveira intelectual, como o historiador Basil Davidson; os romancistas Day Lewis, Doris Lessing, Iris Murdoch, Angus Wilson, Alan Silitoe; o poeta Jonh Wain; o crítico de teatro inglês Kermeth Tynan; os dramaturgos Jonh Osborne e Arnold Wesker.
– A propósito da resposta inaceitável por parte das entidades portuguesas à denúncia feita por aqueles intelectuais, estes desencadeiam novo e veemente protesto.
– A Peguin Books edita o livro Persecution 1961, da autoria de Peter Benenson, denunciado a situação de nove prisioneiros políticos, entre eles Agostinho Neto, através de artigos para a imprensa e em carta para a embaixada de Portugal, solicitando os cuidados urgentes, para melhorar a situação de saúde de Agostinho Neto.
– Fica preso nas prisões do Aljube, em Lisboa, até Março de 1963.
– Solto das prisões, em Lisboa, com residência fixa na capital portuguesa. Em Junho de 1963 evade-se de Portugal com sua mulher Maria Eugenia Neto e os filhos, Mário Jorge e Irene Alexandra, chegando a Léopoldville (Kinshasa), onde o MPLA tinha a sua sede exterior.
– Eleito presidente do MPLA durante a Conferência Nacional do Movimento.
1963 – O MPLA instala-se em Brazaville em consequência da sua expulsão do Congo (R. do Zaire) que passou a dar o apoio total à FNLA.
– Abertura de uma frente em Cabinda – a Segunda Região politica – militar.
1966 – Abertura de nova frente no Leste de Angola – a Terceira Região.
1968 – Transfere a sua família para Dar-es-Salaam onde permanece até 1975.
1970 – Agostinho Neto é galardoado com o prémio Lotus, atribuído pela 4ª Conferência dos Escritores Afro-asiático.
1974 – A guerra nas colónias, componente determinante, conduz a Revolução dos Capitães, em Portugal, a 25 de Abril.
– Apenas em Outubro o novo regime português reconhece o direito das colónias à independência, após que o MPLA assina o cessar-fogo.
1975 – Em 4 de Fevereiro regressa a Luanda.
– Participa no encontro de Alvor, em Portugal, onde é acordado estabelecer um “governo de transição”.
– Em Março, a FNLA declara guerra ao MPLA e inicia o massacre da população de Luanda. Agostinho Neto lidera a resistência popular e apela à mobilização geral do povo para se opor à invasão do país por forças estrangeiras, pelo Norte e pelo Sul, que procuram impedir o MPLA de proclamar a independência.
1975 – A 11 de Novembro proclama a independência nacional e torna-se Comandante-em-Chefe das forças Armadas Populares de Libertação de Angola.
– Membro fundador da União dos Escritores Angolanos, criada em 10 de Dezembro de 1975.
– Foi o primeiro reitor da Universidade Agostinho neto.
– Presidente da Assembleia Geral da União dos Escritores Angolanos, cargo que desempenhou até a data do seu falecimento.
– Reconhecimento da República popular de Angola por mais de uma centena de países.
1976 – O exército invasor Sul-Africano é expulso de Angola a 27 de Março.
1977 – Em 10 de Dezembro funda o MPLA – Partido do Trabalho
1979 – Preside à cerimónia de encerramento da 6ª Conferência dos Escritores Afro– Asiáticos, realizada de 26 de Junho a 3 de Julho, proferindo o discurso de encerramento.
– A 10 de Setembro, Agostinho Neto falece em Moscovo.

 

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