Nelson Mattos (25 de julho de 1924 – 27 de maio de 2021) – o cantor, compositor, músico, pintor e escritor carioca imortalizado como Nelson Sargento – viveu quase 97 anos.
Não teve tempo de chegar a um século de vida, mas 2024 entra em cena com promessa de festa pelos 100 anos desse artista que – com perdão do clichê – se tornou alta patente do samba e de Mangueira.
Nelson Sargento está eternizado como entidade na constelação do céu verde-e-rosa. Um símbolo de elegância e de resistência, proclamada no título do samba mais famoso da obra autoral do compositor, Agoniza, mas não morre (1978), apresentado há 46 anos na voz de Beth Carvalho (1941 – 2019), outra eterna estrela do céu verde-e-rosa.
Também autor de Falso amor sincero (1979), samba celebrado pelos versos “O nosso amor é tão bonito / Ela finge que me ama / E eu finjo que acredito”, Nelson Sargento carregou na voz grave e rouca bem mais do que um século de lutas do povo negro pela conquista da liberdade plena e da igualdade social.
Guerra enfrentada na cadência do samba, gênero “duramente perseguido” – como Sargento sentenciou em verso da obra-prima do artista – nas esquinas, nos botequins e nos terreiros ainda hoje alvos de intolerância racial e religiosa.
Enquanto vivo, Nelson Sargento foi importante porta-voz dessa luta e do próprio samba. Um baluarte. Um baobá fincado com raízes indestrutíveis no solo do morro de Mangueira.
Morto, o bamba permanece como estrela-guia, exemplo de força e elegância a ser seguido pelos bambas que continuam a nascer em Mangueira e em outros polos de resistência do samba.
Que o Brasil festeje com pompa em 2024, sobretudo em 25 de julho, o centenário de nascimento do baobá Nelson Sargento!