Dia da Consciência Negra: Movimento Black Money já é realidade no mercado brasileiro

O Brasil é um país com população declarada negra superior a 53% mas que entre os 1% mais ricos do país são apenas 17,8%, segundo o IBGE. Esse processo demográfico é fruto dos mais de 300 anos do Holocausto Negro que trouxe mais de 10 milhões de africanos em situação de escravidão para o Brasil.

Do Terra

Contudo, as consequências dessa barbárie continua fazendo suas vítimas, os negros ainda sofrem com o genocídio diário: entre 2005 e 2015, a taxa de morte por homicídio entre negros aumentou (+18,2% entre homens negros e +22% entre mulheres negras) enquanto da população branca diminuiu (-12,2% entre os homens brancos e – 7,4% entre as mulheres brancas).

Segundo pesquisa de 2017 do IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, temos o índice de 23,5% maior probabilidade de um negro ser assassinado, em relação a cidadãos de outras raças/cores.

Não significa exatamente dizer que vivemos em um regime de Apartheid ,como vivido na África do Sul, e sim que negros no Brasil são vítimas de um racismo estrutural enraizado mesmo o pós abolição. O mês de novembro , principalmente o dia da Consciência Negra, ainda divide opiniões sobre seu significado e importância em nossa sociedade, não sendo considerado ainda um feriado nacional. Muitos questionam: o dia 20 de novembro é para celebração ou reflexão?

Inspirado nos EUA, onde negros possuem conflitos raciais semelhantes, o Movimento Black Money é um fomentador para o desenvolvimento do ecossistema do empreendedorismo negro. Trabalhando com a difusão de conteúdos nas áreas de inovação, tecnologia, comportamento e finanças. O MBM iniciou suas atividades no mês de novembro e já conquistou aliados importantes como o cantor e compositor Sérgio Loroza e o CEO da Bayer Brasil, Theo Van Der Loo e já está em contato com outros agentes de mudança que apoiam a transformação de nossa sociedade e a melhoria econômica e social da comunidade negra.

Nos Estados Unidos o racismo não é velado, ao contrário do que ocorre no Brasil, por isso existem manifestações mais expressivas na busca por mudanças da realidade do negro norte-americano. Nas últimas décadas surgiram no país instituições financeiras pensadas para negros e presididas por negros – o chamado Black Money, tendo como expoente atual o One United Bank, banco onde os negros mais famosos do país são correntistas. Os norte-americanos enxergam a grande produção de renda por parte dos negros como uma forma de protestar contra injustiças e discrepâncias sociais mesmo essa população sendo apenas de 14%, número não substancial se comparado com a realidade brasileira.

No Black Money o dinheiro deve circular entre os afrodescendentes no intuito de gerar riquezas para o coletivo a partir do afroconsumo. “Não me vejo, não compro” e comprar de afroempreendedores, são medidas defendidas no fortalecimento da prática. Levar ao público consciência social, econômica e financeira, o Movimento Black Money incentiva e instrumentaliza o empreendedor ou jovem negro a desenvolver e potencializar habilidades que tragam diferencial competitivo para sua vida profissional.

O exemplo dos EUA com um banco social não é único, o economista indiano Muhammad Yunus, vencedor de um Nobel da Paz, é outra prova viva que investir em negócios sociais é sustentável, traz ótimos efeitos às populações atendidas e ainda pode ser um fortíssimo instrumento gerador de renda.

Yunus ,conhecido como banqueiro dos pobres, oferece crédito barato para pessoas pobres através do Grameen Bank, promovendo o desenvolvimento e fazendo circular bilhões de dólares anualmente com o objetivo de erradicar a pobreza na Índia. “Hoje, 37 anos depois de sua criação, ele se espalhou por todo o país. Temos 8,5 milhões de tomadores de empréstimos, 97% dos quais são mulheres. O banco empresta cerca de US$ 1,5 bilhão, e a inadimplência é de apenas 3%. Tentamos garantir também que as crianças das famílias dos tomadores de crédito frequentem a escola e não sejam analfabetas como seus pais – e fomos bem-sucedidos nisso.”, diz Muhammad Yunus em uma entrevista.

Yunus nos faz refletir no papel real da sociedade civil e o que pode ser feito sem intermediação do papel do Estado que se mostra ineficiente no combate das desigualdades sociais. “A diferença é que iniciativas como o One United Bank, Grameen Bank e o D’Black Bank (Fintech brasileira para o público negro especializada em cartões de crédito e outros serviços financeiros que será lançada ainda este ano_ saiba mais em www.dblackbank.com.br) ; não visam atolar o devedor em juros, como fazem as financeiras mais “populares” em nosso país, mas sim, promover o desenvolvimento social responsável com crédito e dinheiro que não circula nos grandes ciclos econômicos”, afirma Alan Soares, founder do Movimento Black Money.

Iniciativas como essas pensam seus produtos, serviços e investimentos para uma população que sofre com a falta de acesso aos investimentos caros e convencionais.

Assim, eles abrem um leque de possibilidades para os negros poderem investir, empreender e capitalizar mais dinheiro através de seus próprios esforços, na própria comunidade, com condições facilitadas e juros menores – “fazer um negócio social e apoiar a base da pirâmide não significa ter prejuízos, pelo contrário, se movermos a base da pirâmide toda a estrutura é beneficiada no entanto apenas ações no topo da pirâmide econômica não causarão um forte crescimento de nosso PIB, muito menos diminuirão disparidades sociais.

Nossa meta é disseminar o Black Money como movimento de emancipação da comunidade negra no Brasil, que transforme positivamente a realidade das pessoas mais pobres ,negros e não negros. Por isso as ações e projetos durante o mês da Consciência Negra são essenciais além de serem um exercício para todos em uma luta que deve se estender ao longo de todo o ano”, complementa Nina Silva, presidente e cofounder do MBM.

Conheçam e participem das iniciativas do Movimento Black Money: www.movimentoblackmoney.com.br

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