Hillary dá início no Quênia a tour por sete países africanos

Fonte: Folha de São Paulo

Na pauta da chanceler, governança disputará espaço com economia e energia

Sob Obama, foco declarado para o continente sai de contraterrorismo e entra em democracia; recursos contra a Aids devem ser mantidos

 

A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, chegou ontem ao Quênia para uma viagem de 11 dias por sete países do continente africano, no qual abordará assuntos que vão de energia e cooperação econômica até violência sexual.

Em seu primeiro tour na África como chanceler americana, Hillary passará, além do Quênia, por Angola, África do Sul, República Democrática do Congo (RDC), Nigéria, Libéria e Cabo Verde. No Quênia, terá reunião também com o governante interino da Somália, Sharif Ahmed.

Assim como fizera anteriormente em relação a China, Oriente Médio, Índia e outros, o Departamento de Estado insistiu em que a África tem forte prioridade sob Barack Obama.

O périplo de Hillary foi apresentado como prova desse fato, ao lado da ida de Obama ao continente ainda nos primeiros seis meses de gestão. Ele foi a Gana no mês passado, quando destacou a necessidade de a África desenvolver suas instituições democráticas.

A governança é, aliás, um ponto em que o governo atual tenta claramente imprimir uma marca própria. “Obama já sinalizou fortemente sua ênfase em governança e democracia. É uma mudança grande em relação à gestão anterior, que prestava mais atenção em temas de contraterrorismo”, afirmou à Folha Peter Lewis, diretor do programa de estudos africanos da Universidade Johns Hopkins.

Dentro desse investimento, a situação da democracia será discutida inicialmente no Quênia, que enfrentou conflitos violentos no período pós-eleitoral em 2007. Na RDC, a governança será importante, e Hillary deverá abordar a luta contra a corrupção antes de tratar da violência sexual alimentada pelos conflitos no leste do país. Na África do Sul, a situação política do vizinho Zimbábue entrará na pauta.

 

Economia em foco
Liberdades políticas terão porém de dividir a atenção da secretária com a economia, especialmente dado o avanço das ambições chinesas sobre a África. O comércio entre a China e o continente pulou de US$ 10 milhões nos anos 1980 a US$ 107 bilhões em 2008 -valor modesto se comparado aos US$ 224 bilhões das trocas com os EUA, mas que preocupa.

No Quênia, será prioritário um fórum de cooperação econômica entre os EUA e a África subsaariana, e em Angola e na Nigéria, o ponto central será o petróleo. “Angola historicamente tem relações tensas com os EUA, enquanto os conflitos internos da Nigéria [ameaçada por extremistas islâmicos] são um problema para o comércio de recursos energéticos”, afirma Lewis.

Nem tudo, porém, será novidade. Para Lewis, serão mantidas por Hillary políticas já em curso na África, principalmente na alocação de recursos para combate à pobreza e à Aids, que George W. Bush considerava um de seus maiores sucessos.

 

Matéria original: Hillary dá início no Quênia a tour por sete países africanos

+ sobre o tema

Fome extrema aumenta, e mundo fracassa em erradicar crise até 2030

Com 281,6 milhões de pessoas sobrevivendo em uma situação...

Presidente de Portugal diz que país tem que ‘pagar custos’ de escravidão e crimes coloniais

O presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, disse na...

O futuro de Brasília: ministra Vera Lúcia luta por uma capital mais inclusiva

Segunda mulher negra a ser empossada como ministra na...

Desigualdade ambiental em São Paulo: direito ao verde não é para todos

O novo Mapa da Desigualdade de São Paulo faz...

para lembrar

“A Inveja” Por Mia Couto

Entrevistamos esta semana o Presidente da Comissão Nacional dos...

Boric defende “reação conjunta da América Latina” a “golpe” no Brasil

O presidente do Chile, Gabriel Boric, defendeu que a América...

Teori manda Moro enviar investigações sobre Lula ao STF

Ministro também determinou o sigilo das interceptações telefônicas do...

Aprender-te

Eu tinha quinze anos quando a ditadura militar forçou...

Foi a mobilização intensa da sociedade que manteve Brazão na prisão

Poucos episódios escancararam tanto a política fluminense quanto a votação na Câmara dos Deputados que selou a permanência na prisão de Chiquinho Brazão por suspeita do...

MG lidera novamente a ‘lista suja’ do trabalho análogo à escravidão

Minas Gerais lidera o ranking de empregadores inseridos na “Lista Suja” do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). A relação, atualizada na última sexta-feira...

Conselho de direitos humanos aciona ONU por aumento de movimentos neonazistas no Brasil

O Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH), órgão vinculado ao Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, acionou a ONU (Organização das Nações Unidas) para fazer um alerta...
-+=