A dor do exílio

Franco-nigeriano Qudus Onikeku aborda a experiência do exílio como um lugar, um saber, uma condição norteada por perdas de movimentos, liberdade e identidade

Em nome da dança, o franco-nigeriano Qudus Onikeku saiu de seu país natal para viajar pelo mundo. Na França, se tornou acrobata aos 17 anos, depois de frequentar a Escola Superior Nacional de Artes Circenses. Mas nunca esqueceu as raízes e a tradição cultural africana. Também esteve em outros países da Europa e nos Estados Unidos. Hoje, às 20h, no Teatro Hermilo Borba Filho (ingressos a R$ 5), dentro do 15º Festival Internacional de Dança do Recife, ele mostra My exile is in my head (Meu exílio está na minha cabeça). Elementos da capoeira (ou, para ser mais preciso, a energia desta manifestação cultural), do circo e da dança de rua que aprendeu em Lagos, cidade em que nasceu, estão unidos no espetáculo de Qudus Onikeku – eleito Bailarino do Ano pela Future Awards 2009 (Nigéria).

A dor do exílio se faz presente na dança proposta por Qudus, num trabalho que descamba para um duo coreográfico e musical, já que ele conta com a participação, ao vivo, do músico e guitarrista Charles Amblard. A inspiração inicial para My exile is in my head foram os textos de Wole Soyinka, autor de The man died: prision notes, primeiro nigeriano a receber um Prêmio Nobel de Literatura.

O trabalho aborda a experiência do exílio como um lugar, um saber, uma condição norteada por perdas de movimentos, liberdade e identidade, limitações transcendidas por meio da arte. São 35 minutos de duração, com momentos de improvisação e trechos de vídeos, captados pelo videasta Isaac Lartey. 

Qudus Onikeko também coordenou no Festival de Dança um workshop, cujo resultado foi apresentado ontem, na Livraria Cultura, chamado Do you need Coca-Cola to dance? (Precisamos de Coca-Cola para dançar?). Em seu blog na internet, Qudus explica que apesar de estar com o corpo “em exílio”, sua cabeça permanece em casa. 

Mais – Os outros espetáculos do Festival de Dança em teatros neste sábado são Real/ Duplo e Onde as borboletas são mais frequentes, às 19h, no Apolo; e Estudo para encontro oposto, de Ivaldo Mendonça, no Hermilo, junto ao trabalho de Qudus. No Santa Isabel, é a vez da estreia de Em caixa, da Trupp Cia. de Dança, às 21h. Para quem ainda tem fôlego para esticar a noite, vale conferir as performances no Casarão Peleja, em Olinda, a partir das 22h, com Flor boiando, de Tainá Barreto, Figurando, de Lineu Gabriel e Carnavale, de Viviane Souto Maior, além dos DJs Evandro Q? / Allan e VJ Oscar Malta.

Fonte: Diario de Pernambuco

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