EUA: Julia Pierson, primeira mulher a assumir Serviço Secreto, tem de refazer imagem da agência

Empossada na quarta, Julia Pierson tem como missão recuperar credibilidade de instituição manchada por escândalo envolvendo seus agentes e prostitutas na Colômbia, em 2012

 

A primeira mulher a comandar o Serviço Secreto dos EUA, Julia Pierson, foi empossada na Casa Branca na quarta-feira durante uma breve cerimônia que marcou uma mudança histórica para a agência encarregada de proteger o presidente dos EUA, o vice-presidente e suas famílias. A escolha foi anunciada no dia 26.

O vice-presidente do país, Joe Biden, conduziu o juramento de posse de Pierson, com o presidente Obama em pé ao seu lado. “Obviamente, ela está quebrando o molde em termos de diretores da agência, e as pessoas estão todas extraordinariamente orgulhosas dela”, disse Obama no fim da cerimônia.

“Ela tem qualificações extraordinárias, e acredito que aqueles que trabalharam com Julia sabem como ela é dedicada, profissional, comprometida, e acho que estão absolutamente certos de que prosperará nesse trabalho”, acrescentou.

Biden, que tem fama de cometer gafes ocasionais, disse que os agentes que o protegem estavam “animados com a escolha” dela para o cargo.

O Serviço Secreto tem sido criticado por ter uma cultura dominada por homens, e sua reputação foi manchada por um escândalo envolvendo seus agentes e prostitutas na Colômbia , em 2012. O incidente ridicularizou a agência perante o público, forçou audiências no Congresso e custou o emprego de diversos agentes.

Obama também nomeou mulheres para ocupar cargos de diretoras do U.S. Marshals e da Agência Americana de Combate às Drogas, mas o Serviço Secreto tem uma visibilidade peculiar.

Com 30 anos de experiência no serviço secreto, Pierson, 53, possui um currículo muito parecido com o de seus antecessores, incluindo um breve período protegendo o presidente George W. Bush (2001-2009).

Mas sua nomeação inevitavelmente indica que Washington estará observando de perto se ela mudará uma cultura predominantemente masculina que ficou sob escrutínio quando os agentes foram pegos empregando prostitutas na Colômbia antes de Obama chegar para uma visita.

“Durante o escândalo de prostituição na Colômbia, o Serviço Secreto perdeu a confiança de muitos americanos e não conseguiu fazer jus às elevadas expectativas colocadas sobre ele”, disse o senador Charles E. Grassley, republicano de Iowa. “Pierson tem muito trabalho pela frente para criar uma cultura que respeite o importante trabalho da agência. Espero que ela consiga restabelecer a credibilidade perdida do Serviço Secreto.”

Em um comunicado, Obama disse que Pierson “exemplificou o espírito e dedicação” da agência, mas não fez menção ao escândalo.

“Julia é eminentemente qualificada para liderar a agência que não apenas protege os americanos em grandes eventos e assegura o nosso sistema financeiro, mas também protege nossos líderes e famílias, incluindo a minha”, afirmou. “Julia teve uma carreira exemplar, e sei que essas experiências a guiarão à medida que ela assumir esse novo desafio de liderar os homens e mulheres desse importante órgão.”

O Serviço Secreto foi formado em 1865 para combater a falsificação de dinheiro. Após o assassinato do presidente William McKinley, em 1901, o Congresso atribuiu a missão de oferecer proteção em tempo integral para o presidente. Ao longo dos anos, o órgão também começou a proteger os ex-presidentes, candidatos presidenciais, líderes estrangeiros que visitam os EUA e outros.

A primeira mulher assumiu uma função no que era então chamado o Serviço Secreto auxiliar em 1970, e cinco mulheres foram selecionadas como agentes no ano seguinte. Eventualmente, as mulheres foram incluídas nos detalhes de proteção presidencial.

Hoje, dos 3,5 mil agentes especiais, cerca de 10% são mulheres, menos do que em outras agências policiais. A proporção de mulheres na divisão do Serviço Secreto uniformizado, que protege a Casa Branca e outras instalações, é um pouco maior.

Barbara Riggs, a primeira mulher vice-diretora do Serviço Secreto e amiga e mentora de Pierson, disse que a nova diretora era conhecido por sua competência em uma variedade de áreas. “Sempre que você lhe passa uma tarefa, ela sempre faz um excelente trabalho”, disse Riggs. “Ela é uma referência para quem trabalha com ela.”

Nascida em Orlando, Flórida, Pierson juntou-se ao Serviço Secreto em 1983, após três anos como policial. Ela se mudou para a divisão de proteção presidencial em 1988, tornou-se a coordenadora do programa da agência de drogas em 1992 e foi promovida a agente especial assistente encarregada do Escritório de Operações de Proteção em 1996. Depois de passar uma temporada em Tampa, na Flórida, onde estabeleceu uma força-tarefa contra o crime cibernético, ela ascendeu profissionalmente em Washington, tornando-se chefe de equipe em 2008.

Em uma breve biografia preparada pela Parceria para o Serviço Público, uma organização sem fins lucrativos que promove empregos federais, ela falou a respeito dos desafios da agência: “Não acho que as pessoas percebem a quantidade de trabalho de preparação que uma visita presidencial exige, incluindo aonde ele vai a como vai chegar, seja de avião ou de limusine, ao local do evento.”

Riggs disse que o escândalo do ano passado não correspondeu à maioria dos profissionais da agência e que espera que Pierson seja capaz de restaurar sua credibilidade. “Ela tem um desafio pela frente, pois infelizmente nos olhos do público esse incidente desgastou a imagem do Serviço Secreto”, disse. “Ela terá o desafio de fazer a agência superar isso.”

Como informações da Reuters e de Peter Baker, do New York Times

 

Fonte: IG

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