“Fumo maconha eventualmente; é muito bom”, diz Djavan

Enviado por / FonteDo Pragmatismo Politico 

Os grandes figurões da MPB, acostumados a falar com a imprensa há décadas, em geral tentam restringir suas declarações aos produtos que estão lançando. Não é o caso de Djavan.

O cantor e compositor não fugiu de assuntos polêmicos e expôs seu modo de pensar sem o patrulhamento politicamente correto que, muitas vezes, esconde o verdadeiro olhar do artista. Sobre o uso da maconha, declarou: “É muito bom. Fumo eventualmente, não tenho o hábito de comprar e fumar sempre”, soltando uma gargalhada em seguida.

A entrevista a seguir foi realizada pelo portal IG:

Como está de saúde?

Minha saúde está ótima. Este tipo de comentário não me assusta. Minha vida é melhor hoje. Perdi a ansiedade comum aos jovens. Vislumbro melhor as soluções que devo tomar. Tenho três filhos do primeiro casamento e dois do segundo: Sofia, de 9, Inácio, de 4. Faço coisas que antes não conseguia. Vou a festinhas de colégio, que é um saco, reunião de pais. Faz parte do papel de pai.

Este ano é marcado pelas passeatas favoráveis à maconha , incluindo um filme que reacendeu o debate. Você é a favor da legalização da maconha?

Não adianta buscar parâmetros na Holanda, em outros países. Cada nação tem sua realidade. Não basta mudar uma nova legislação, mas é questão de educação. Comprar maconha e fumar em qualquer lugar é questão de liberdade. Seria bom que acontecesse, mas é preciso que haja restruturação em toda a sociedade.

Você fuma, gosta de maconha?

Total ( dá uma gargalhada )! É muito bom. Nunca tive envolvimento com drogas, nunca cheirei cocaína. Mas, agora, a maconha sim, já fumei várias vezes. Fumo eventualmente. Mas não tenho o hábito de comprar e fumar sempre.

O que pensa sobre a associação da maconha com a violência urbana?

A violência que decorre da maconha não é pelo consumo, mas pela venda. O poder que o tráfico tem vem da venda, é este poder que gera a violência. O consumo também tem que ter responsabilidades. A sociedade precisa estar respaldada com leis condizentes com a liberdade proposta por esta ideia de legalidade.

Não estamos então preparados para a legalização nos moldes atuais?

Antes da legalização, tem que fortalecer a educação, tem que mudar as leis, para que a sociedade esteja preparada para isso. Não saberia te dizer se basta liberar, se isso resolve a violência.

A seu ver, quando a droga deixou de ter a conotação poética dos anos 70 e passou a ser problema médico?

Quando a droga, no caso especifico da maconha, passou a representar um poder inominável, a coisa começou a mudar. Antes era mais romântica. Maconha sempre foi vendida e despertou algum lucro. Mas surgiram os cartéis, criaram uma indústria superequipada, afeita a produzir e lucrar cada vez mais. Hoje é uma estrutura industrial, como outra qualquer. Aí a coisa tomou o rumo da violência e confusão em todas as sociedades do mundo.

Você já deve ter ouvido falar que não aparenta ter 62 anos. Qual seria o segredo da longevidade não aparente?

Tem quem passe por uma flor linda e nem olhe… Eu me mantenho próximo da vida saudável, ligado à natureza. Convivo com água pura, bichos, o verde. Tenho uma casa em Araras ( região serrana do Rio ). Não como carne vermelha há treze anos. Evito frango, não bebo café…. Só como orgânicos. Tenho um orquidário com mais de 60 espécies, um jardim com trinta mil metros quadrados só com flores. Desperdiço o mínimo de água possível, não desmato. Isso tudo é um prazer.

Bebe para se inspirar?

Não bebo para compor nem para nada. Tomo no máximo um vinho no jantar.

Aliás, você já foi pego na fiscalização da Lei Seca …

Perdi a carteira duas vezes por ter tomado apenas uma taça de vinho. Não fiz o teste do bafômetro porque a capitã, em uma das ocasiões, me alertou: “Não faz! Se bebeu uma taça, não sabe como é seu organismo. Pode acusar álcool e você vai se dar mal”. Me colocou um medo enorme e não fiz. Perdi a carteira. O carro foi apreendido porque estava sem vistoria do Detran.

Você é contra este rigor na fiscalização?

Não sou contra. Mas, por exemplo, adoro vinho. Com a Lei Seca, agora saio para jantar e só bebo água. É chato. Por outro lado, você paga por estas pessoas que enchem a cara e saem com carro. Gostaria que não colocassem todos no mesmo saco. Mas este evento tem que existir, é preciso inibir nego que dirige embriagado.

O fato de ser famoso o ajuda, em certos momentos, a sair de enrascadas como esta?

Ao contrário. Isso é pior, porque querem pegar famoso para servir de exemplo. Houve uma época que guarda me parava no trânsito para pedir autógrafo. Situação assim já não existe mais. Não quero privilégios. Nascer com voz já é um privilégio. Não entrar em fila? Detesto que cedam a vez para mim. Acontece muito isso. As pessoas querem ser gentis. Mas não precisa tanto.

Há boatos nas redes sociais de que você teria Mal de Parkinson . Você está doente?

Com o quê? Parkinson ( ele estica os braços para frente )? Treme alguma coisa aqui?

Você não está tremendo. Mas já sabia desse rumor?

Ouvi sim. Também ouvi que a música “ Flor de Lis ” era dedicada a uma esposa que eu tive e morreu no parto. Olha que imaginação trágica que as pessoas têm! Tem nego que vive disso, de plantar coisas na internet, inventar o que quiser. Se é verdade ou não, é o menos importante. Há boatos de todo tipo. Há solicitações até de casamento. Ajuda financeira, mãe com câncer , casa que caiu… As pessoas apelam para o que pode. É do ser humano!

Já experimentou outras drogas?

Não, nada. Só álcool. Como te falei, vinho é o que bebo. Nem cerveja, detesto. Não tomo refrigerante, uísque, nada.

 

 

 

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