Mulheres acusam comandante da PM de discriminação por gênero

 

 

  • Ele teria dito que mulheres custam caro por menstruação e gravidez
  • Aprovadas em concurso para a PM vão formalizar denúncia na Alerj
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    RIO — Um grupo de mulheres que se reuniu no final da manhã de sexta-feira com comandante geral da Polícia Militar, José Luís Castro Menezes, acusa o PM de discriminação por gênero. Segundo elas, o comandante teria dito que PMs mulheres são um custo para a corporação, por conta da menstruação e da gravidez. A declaração teria sido dada no Quartel General da PM, no Centro, durante encontro para discutir a entrada de mais mulheres na corporação. Em nota, a PM nega que Luís Castro tenha falado em “custo” e afirma que o PM apenas informou que a atividade policial, em sua maioria, demanda esforços que são mais afeitos ao gênero masculino.

    — Ele disse que não havia possibilidade nenhuma de ingresso de mais mulheres, que nós temos um custo muito alto para a PM, porque engravidamos e menstruamos — contou Janaína Bezerra de Azevedo, de 26 anos, estudante de enfermagem.

    A PM afirma que o comandante nunca mencionou a palavra “gravidez.”

    Janaína comunica que o grupo fará um protesto na próxima terça-feira, às 9h, no Quartel General da PM. O grupo irá também formalizar uma denúncia contra o comandante na Comissão de Direitos Humanos da Alerj. As jovens tentaram fazer o registro na tarde de ontem, mas a casa está em recesso.

    Janaína faz parte de um grupo que participou de concurso para a PM em 2010, quando foram abertas 3,2 mil vagas para homens e 800 vagas para mulheres. Ela afirma ter tirado as notas necessárias, mas nunca foi convocada, por isso organizou com outras concursantes do mesmo ano um grupo para reivindicar mudanças na corporação. Segundo elas, a comissão é formada por 6 mil pessoas. Na reunião com o PM havia seis representantes.

    Na versão do grupo, depois da afirmação inicial, o comandante teria seguido em frente e dito que mulheres não teriam o porte físico e a capacidade mental necessária para ingressar na corporação e que “choram na primeira pressão”. Ele teria dado exemplos de seu tempo no 5º BPM (Praça da Harmonia), quando teve problemas com PMs do sexo feminino que faltavam ao trabalho por conta de cólicas menstruais. O tenente-coronel Roberto Bandeira de Melo, do Centro de Recrutamento e Seleção de Praças, também estava na reunião e teria concordado com o comandante.

    Por meio de nota, Luís Castro negou as acusações de discriminação e ressaltou o papel de mulheres na polícia. “Mulheres têm mais aptidão para atividades de grande importância, como o relacionamento com o cidadão”, afirmou, lembrando que o comando da primeira UPP do estado, no Santa Marta, está nas mãos de uma mulher.

    Salário inicial de R$ 5 mil

    Virar PM é uma chance de ascensão social. No edital mais recente, que foi cancelado, o salário não é informado, mas o vencimento inicial de um soldado é de R$ 2.382,89 mensais. Com as gratificações, como a para atuação em UPPs, o salário total pode ultrapassar R$ 5 mil.

    O grupo alega que há desproporcionalidade excessiva entre o número de vagas abertas para o sexo feminino e o resultado final, de quantas acabam convocadas. As notas de candidatas mulheres também seriam maiores.

    A PM informa que do concurso de 2010, foram convocados 11.500 candidatos homens e 1.500 mulheres. Ainda segundo a corporação, desde 2007 houve um aumento de 89% no efetivo feminino — subindo de 2.034 para 3.850.

    De acordo com o grupo, se elas não forem convocadas até maio deste ano, terão que prestar novo concurso.

    — Se isso acontecer vamos entrar com um mandado de segurança ou com algum tipo de ação no Ministério Público. Vamos consultar advogados — disse Janaína.

     

     

    Fonte: O Globo

     

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