Fãs de “Frozen” fazem campanha para que Elsa seja lésbica em continuação

Já reconhecida como a mais feminista das animações, “Frozen” também é vista por muitos como uma metáfora para a descoberta da homossexualidade; fãs torcem para que isso torne-se explícito em continuação

Por Marcio Caparica, do Ladobi 

Lançada em 2013, a animação Frozen foi o maior sucesso dos estúdios Disney desde… bem, sempre: ela faturou 1,2 bilhões de dólares ao redor do globo, tornou-se o quinto filme de mais rentável da história e a animação que mais vendeu ingressos  dentre todas. Os cartórios norte-americanos registraram que em 2015 o nome de uma das protagonistas, Elsa, foi um dos mais populares entre recém-nascidos. E o filme não é apenas um sucesso de público: muitos estudiosos consideram-no a primeira animação das Princesas realmente feminista, já que (SPOILERS!)  o final feliz não ocorre por intervenção do príncipe salvador, mas sim devido ao amor que as irmãs protagonistas sentem uma pela outra.

A continuação de Frozen já tem data marcada para ser lançada: 2018. Muitos fãs estão aproveitando que o filme ainda está em produção para tentar influenciar seus produtores para que sejam pioneiros mais uma vez, e deem uma namorada para Elsa. Utilizando a hashtag #GiveElsaAGirlfriend, o assunto logo escalou os trending topics do Twitter devido às inúmeras mensagens de apoio a essa representação inédita do universo LGBT no mundo infantil.

“Dê uma namorada para Elsa, porque crianças LGBT merecem saber que não há nada de errado com elas”, “Dê uma namorada para Elsa, modelos de comportamento positivos são necessários desde cedo; exposição precoce leva a maior compreensão/aceitação”, “Fazer um filme infantil com um personagem queer não vai fazer que seus filhos tornem-se gays. Vai ensiná-los que o amor existe em muitas formas #DêUmaNamoradaParaElsa” foram apenas algumas das milhares de mensagens que tomaram conta das redes sociais nos últimos dias.

Além da mensagem feminista, muitos já enxergavam a história de Elsa como uma metáfora para o processo de aceitação e saída do armário dos homossexuais: uma garota descobre que é diferente das outras; seus pais tentam escondê-la do resto do mundo por causa de suas diferenças (mesmo que por amor); ela tenta reprimir quem é de verdade; por fim, quando se aceita, descobre que o que a faz diferente é uma de suas principais qualidades. A principal canção de Frozen, “Let It Go” (“Livre estou”, em português) foi adotada como hino LGBT, e não é difícil perceber por que: “Livre estou, livre estou / Não posso mais segurar / Livre estou, livre estou / Eu saí pra não voltar / Não me importa o que vão falar”, canta Elsa em português. Quem já saiu do armário também já disse a mesma coisa para si mesmo.

Em entrevista à revista Big Issue, a roteirista e diretora de Frozen, Jennifer Lee, comentou sobre o efeito que sua animação teve na população LGBT: “Nós sabemos o que fizemos. Mas, ao mesmo tempo, eu acho que, depois que entregamos o filme, ele pertence ao mundo, então eu não gosto de dizer nada e deixo os fãs falarem. Fica por conta deles.” Ficamos torcendo para que os estúdios Disney sigam em frente, acompanhem os novos tempos e aproveitem essa oportunidade de deixar um marco na história do cinema – e fazer com que milhões de crianças LGBT contem com um exemplo lindo e positivo entre os filmes que assistem centenas de vezes.

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