“chega de negociar , não dá pra achar que vencemos agora é hora de enfrentamento”
Makota Valdina Pinto
Vi toda a comunidade do Quilombo dos Macacos, situada na ponta do subúrbio ferroviário(Salvador) e em Simões Filho um dos mais importantes pólos industriais da Bahia, estava lá a comunidade , emocionada e nos emocionando , combustível para essa luta inglória. O Quilombo dos Macacos vive em uma guerra, reféns da instituição de tortura mais cara de pau dessa republica de fachada: a Marinha do Brasil. A mesma que torturava a base de chicote os bravos rebelados da Revolta da Chibata, mantém um saldo de analfabetismo, tortura, desaparecimento, morte, espancamento e violação de direitos desde os tempos da Ditadura Militar. E agora querem despejar de sua morada centenária várias famílias do Quilombo dos Macacos. Makota Valdina disse não com a dignidade em riste e foi mal interpretada por muitos militantes institucionais de plantão, aquela turma do acomoda com projetos mirabolantes e bolsas internacionais pra fazer reunião em lugares cuja rua e/ou bairro mal conhecem. Esta turma que se acostumou a negociar o inegociável ficou arisca quando Makota Valdina os chamou para o enfrentamento. Nós da Quilombo Xis /Reaja aceitamos convocação.
Estaremos firmes com nossos irmãos e irmãs para atuar por todos os meios necessários, para atuar pela liberdade e não é blefe …é quente.
O outro ponto importante que destacamos aqui é a greve da polícia. Nas redes sociais uma série de análises apressadas sobre a guerra como se fosse uma guerra instalada agora, como se não vivêssemos em permanente tensão recolhendo corpos de nosso povo pelos bueiros da segurança pública.
De novo apenas, é: O Governador do Estado da Bahia reconhece que a polícia usa métodos de extermínio quando quer alcançar alguns objetivos. Agora usou vários moradores de rua como moeda de troca para negociar/tensionar sua greve insana de fuzil e pistola na mão, promovendo, saque , morte e terror em áreas há muito deflagradas com o medo e a rapinagem estatal de arma em punho. Falamos ao governo insistentemente que era necessário manter a delegacia especial contra crimes de extermínio, dissemos que os grupos de extermínio não tinham sido dissolvidos com essa “nova Bahia”, não fomos ouvidos nem pelos parlamentares que elegemos . e Haja relatório com gosto de milho americano.
A greve da PM traz um debate que muitos tangenciam: a importante pauta da esquerda antes dessa ascensão ao poder e ao lado direito da política, a pauta da desmilitarização da polícia, uma polícia com modus de uma polícia militarizada, subordinada ao exército, pesando ainda a ideologia de segurança nacional, na qual os pobres, nós negros somos os inimigos internos. Precisamos dar lugar a outra lógica de segurança, talvez republicana , talvez democrática, esses conceitos vazios que os governantes usam como o gelo em seu drink diário.
Marcus Prisco não é nenhum herói, mas também não é o demônio que querem pintar. Talvez ele tenha mostrado o sexo do rei nesse atrapalhado episódio de conseqüências trágicas .
Essa é nossa república escangalhada, uma farça , um fiasco estatal. É o arcebispo que negociando nossa segurança num estado laico; a Presidenta. ex –presa política exigindo instalação imediata de tribunais militares para sumariar grevistas.O governador sindicalista recorrendo as forças armadas como primeiro e único mecanismo de negociação/pressão e o povo negro e pobre fica por sua conta no meio do caos..
Restam os poetas , os maloqueiros , os rappers …meus /minhas companheiros /as , que dispostos a luta , se preparam para exigir da Marinha do Brasil mas respeito ao povo preto desse pais , por que daqui pra frente Todo Somos Quilombo dos Macacos e a Marinha do Brasil não vai sujar o mar com nosso sangue.
Fonte: Nucleo de Negros e Negras Estudates da UFRB