Resultados da pesquisa Xongani: moda e ancestralidade

Uma história que começa quando uma família brasileira se encontra em seus laços africanos e resolvem misturar moda, ancestralidade, beleza e empreendedorismo. Assim nasceu a Xongani, nome da marca de moda afro-brasileira, situada na zona leste de São Paulo. A palavra que dá nome à marca vem do Changane – língua do sul de Moçambique e significa “se arrumem”, “se enfeitem” ou “fiquem bonitas”. E esse é o propósito da marca, trazer a estética negra à tona.

A marca mistura moda, ancestralidade, beleza e empreendedorismo. (Foto: Renata Martins)
A marca mistura moda, ancestralidade, beleza e empreendedorismo. (Foto: Renata Martins)

A Xongani entra para a lista de empresas que reconheceram na beleza negra uma oportunidade de negócios. Hoje no Brasil os chamados afro empreendedores ganham cada vez mais espaço e poder de competitividade no mercado. Percebe-se um surgimento maior de diversos produtos e serviços com a temática negra.

As peças coloridas são feitas com tecidos trazidos de Mocambique e chamados de “capulanas”. (D Rodrigues Photography)
As peças coloridas são feitas com tecidos trazidos de Mocambique e chamados de “capulanas”. (D Rodrigues Photography)

A Xongani está “africanizando” o mercado de moda desde 2010, e a suas maiores características são a modelagem que valoriza a mulher brasileira e negra e as peças coloridas, feitas com tecidos trazidos de Mocambique chamados de “capulanas”, tecidos de algodão, cores fortes e padronagens diversas. São vários artigos, que vão desde acessórios como brincos, anéis, colares e turbantes, até peças de roupas como vestidos e camisetas e vestidos de noiva afro, além de artigos decorativos.

Além de trabalhar com moda, o diferencial da marca é a inserção da diversidade no mercado de moda brasileiro, que é majoritariamente branco e de classe A. No cenário de moda atual no Brasil, mesmo com o aumento de afro empreendedores, o que se vê na mídia são sempre modelos inspirados em uma moda eurocentralizada, onde a cultura africana quase não aparece. Rompendo com esses padrões, a Xongani que é gerida por mãe e filha, Cristina e Ana Paula, insere a cultura e a história africana no vestuário brasileiro, reforçando a identidade afro no país.

A Xongani está “africanizando” o mercado de moda desde 2010, e a suas maiores características são a modelagem que valoriza a mulher brasileira e negra. (Foto: Divulgação)
A Xongani está “africanizando” o mercado de moda desde 2010, e a suas maiores características são a modelagem que valoriza a mulher brasileira e negra. (Foto: Divulgação)

Recentemente, elas reabriram o Ateliê Xongani, localizado perto do Metrô Vila Matilde, em São Paulo, com uma recepção para os seus clientes e amigos. No entanto, as peças não são vendidas apenas no ateliê, a marca é itinerante, se fazendo presente em feiras e eventos de cultura negra, além de disponibilizar os produtos na loja online, fan page,  Instagram e no Youtube, com vários vídeos de dicas de como usar as peças. A difusão multimidiática forma assim um laço de proximidade com o público alvo, mulheres brasileiras, negras e não negras também, mas que se identifiquem com a beleza afro.

Uma família negra inovando e costurando uma história diferente na moda brasileira. Xongani, a palavra de ordem, sugere beleza e traz consigo história e ancestralidade. Que assim seja, xongani-se.

 

 

+ sobre o tema

Mostra em São Paulo celebra produção de cineastas negros no Brasil

Uma seleção de filmes brasileiros realizados por cineastas negros...

O dia em que os deputados brasileiros se negaram a abolir a escravidão

Se dependesse da vontade política de alguns poucos, o...

para lembrar

Mostra em São Paulo celebra produção de cineastas negros no Brasil

Uma seleção de filmes brasileiros realizados por cineastas negros...

O dia em que os deputados brasileiros se negaram a abolir a escravidão

Se dependesse da vontade política de alguns poucos, o...
spot_imgspot_img

Feira do Livro Periférico 2025 acontece no Sesc Consolação com programação gratuita e diversa

A literatura das bordas e favelas toma o centro da cidade. De 03 a 07 de setembro de 2025, o Sesc Consolação recebe a Feira do Livro Periférico,...

Mostra em São Paulo celebra produção de cineastas negros no Brasil

Uma seleção de filmes brasileiros realizados por cineastas negros ou que tenham protagonistas negros é a proposta da OJU-Roda Sesc de Cinemas Negros, que chega...

O dia em que os deputados brasileiros se negaram a abolir a escravidão

Se dependesse da vontade política de alguns poucos, o Brasil teria abolido a escravidão oito anos antes da Lei Áurea, de 13 de maio de...