Rosane de Oliveira: “Doentes de preconceito”

Uma das fotos mais compartilhadas no Brasil nas últimas horas é repugnante: um grupo de moças de jaleco branco vaia os médicos cubanos que desembarcam em Fortaleza. Em primeiro plano está um negro, como é negra boa parte da população cubana.

Racismo explícito? Os defensores das moças de jaleco (e da vaia) garantem que não: elas são estudantes de medicina e estavam lá para vaiar os médicos estrangeiros, fossem brancos, pretos ou amarelos. Elas são contra o programa Mais Médicos. São contra a ousadia da presidente Dilma Rousseff e do ministro Alexandre Padilha de mandar médicos para os confins onde os brasileiros não querem ir com uma reles bolsa de R$ 10 mil, sem direitos trabalhistas elementares.

Justiça se faça às futuras doutoras cearenses, elas não são as únicas a padecer da doença do preconceito. Ele está na alma de boa parte do povo brasileiro, inclusive na de quem não admite que é racista ou incapaz de conviver com as diferenças.

Também pelas redes sociais o Brasil conheceu o pensamento de uma jornalista de Natal, Micheline Borges, que não se agradou das médicas cubanas porque achou que elas tinham aparência de empregadas domésticas.

 

Depois de levar uma saraivada de críticas, a jornalista bloqueou seus perfis no Twitter e no Facebook, não sem antes justificar o comentário infeliz:

“Gente, eu penso assim. Me perdoem se vocês não pensam igual a mim. Paciência… Kkkkkkkkk A aparência conta sim! Se eu chegar numa consulta e encontrar um médico com cara de acabado ou num escritório de advocacia um advogado mal vestido eu vou embora. O mesmo acontece em um restaurante. Vc primeiro come com os olhos para depois comer com a boca. a aparência do prato é tudo!”

Pessoas com esse tipo de comportamento podem acabar ajudando o governo que combatem. Com gestos como o das estudantes cearenses e argumentos como o da jornalista potiguar, o Mais Médicos ganha simpatizantes entre os que até aqui assistiam calados ao embate entre os médicos e o governo.

Por: Rosane de Oliveira

 

Fonte: Zero Hora

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