Saúde : Homens não se cuidam, têm mais problemas e vivem menos

por: Jocelem Mastrodi Salgado

Os homens têm mais dificuldade que as mulheres para se cuidar e envelhecer. Esta é uma informação conhecida de muitos profissionais da saúde, desde que dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do IBGE e da pesquisa Saúde, Bem-Estar e Envelhecimento, financiada pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) foram revelados no ano passado. Comparados com o sexo oposto, as duas pesquisas mostraram que os homens não se alimentam corretamente, não fazem exercícios físicos regulares, fumam mais, vão menos ao médico e, por conseqüência, têm mais problemas de saúde e vivem menos.

Enquanto as mulheres preocupam-se com a aparência, peso e com o envelhecimento bem sucedido, as pesquisas revelam que a maioria dos homens se considera imune às doenças, priorizando os prazeres da vida em detrimento à saúde.

Barreiras culturais talvez sejam os principais motivos para essa diferença de comportamento. É comum observar em muitos lares brasileiros uma cultura tipicamente masculina onde os meninos são ensinados a acreditar que homem não chora, é forte, não adoece e não precisa cuidar da aparência, porque isso é coisa de mulher. É a chamada síndrome do super-homem, onde a procura por ajuda para melhorar a forma física e a saúde é interpretada como sinal de fraqueza ou fragilidade.

PRECONCEITO. Uma boa notícia é que nos últimos anos, uma crescente parcela da população masculina tem conseguido romper as barreiras culturais, mudando conceitos e reavaliando tudo o que se refere à qualidade de vida, saúde e bem-estar físico e mental. São homens na faixa dos 30-40 anos, de classe média ou alta, que descobriram que cultivar uma boa aparência é demonstração de cuidados com a saúde e com a qualidade de vida.

Nada está sendo mais valorizado hoje em dia, principalmente pelas mulheres, do que os homens que gostam de se cuidar – não comem qualquer besteira e nem se entopem de cerveja todos os dias, cuidam da aparência da pele e dos cabelos, previnem os sinais da idade e, além de tudo, cuidam da saúde praticando esportes e fazendo exames preventivos.

Essa nova postura nada tem a ver com os modismos da metrossexualidade ou com o universo gay. O controle do peso, do colesterol, o equilíbrio nutricional, a reposição hormonal e outros cuidados já começam a fazer parte do cotidiano masculino de forma consciente e sem preconceitos.

DICAS. Em um ambiente cada vez mais competitivo, a aparência passou a contar para o sucesso profissional do homem. Além disso, a independência feminina trouxe, entre outras conquistas, a exigência de parceiros apresentáveis. O quesito conta bancária tem perdido espaço para itens como inteligência, bom humor e, evidentemente, boa aparência. Para manter a forma, a saúde e a beleza da pele e dos cabelos, algumas dicas são:

– Consuma bebidas alcoólicas com moderação: elas fornecem calorias, mas não nutrientes, por isso engordam e causam outros problemas para a saúde. Uma lata de cerveja, por exemplo, possui 147 kcal; isso significa que em uma reunião com amigos, o consumo de 3-4 latinhas pode representar quase 500kcal a mais no seu dia. Somado ao consumo de aperitivos altamente calóricos como amendoins, salames, queijos amarelos, etc., o valor calórico pode ultrapassar 1000kcal. É sempre bom lembrar que o consumo de 2 cálices de vinho tinto ao dia, mas não mais do que isso, pode ser benéfico para o coração;

– Depois dos 40 anos, o organismo do homem, assim como o da mulher, sofre um declínio crescente da produção e renovação de colágeno. Para ajudar na reposição dessa proteína importante para a firmeza da pele e beleza dos cabelos, consuma diariamente 10g de colágeno hidrolisado;

– Se você já passou dos 50 anos, pode precisar de uma suplementação de minerais e vitaminas. Verifique com seu médico;

– Mexa-se, gaste calorias por meio de atividade física regular. Faça pelo menos 30 minutos de uma atividade aeróbica todos os dias;

– Cuidado com o cigarro;

– Use filtro solar todos os dias com fator de proteção entre 15 e 30, pelo menos no rosto, pescoço e mãos.

EXAMES. Exames preventivos são fundamentais para uma vida mais longa, principalmente porque permitem o diagnóstico precoce de várias doenças. Conheça os principais:

·Medida da pressão arterial: antes dos 50 anos, a pressão deve ser avaliada a cada 2 a 5 anos. A avaliação deve ser anual se você tiver mais de 50 anos ou se houver história familiar de hipertensão arterial, doenças cardíacas ou renais, derrame, diabetes ou se estiver com sobrepeso.

·Colesterol: um teste sangüíneo que mede o colesterol, incluindo o LDL (“mau” colesterol) e o HDL (“bom” colesterol) pode ajudar a avaliar o risco de doença cardíaca. Começando aos 20 anos, os testes devem ser feitos a cada 5 anos, se os resultados forem normais. Se vierem alterados ou houver história familiar de doença coronária, o médico irá definir a freqüência.

·Exame do intestino: para detectar pólipos e lesões cancerígenas. Deve ser feito a partir dos 50 anos e se for normal, a cada 3 ou 5 anos. Se houver história familiar de pólipos, câncer de intestino ou colite ulcerativa, esta freqüência deve ser maior.

·Exame da próstata: deve ser feito a cada ano a partir dos 40, e inclui o toque retal e a medida sangüínea do PSA (antígeno específico da próstata). Se a pessoa for da raça negra ou tiver história familiar, iniciar este exame antes dos 40 anos.

·Exame testicular: o câncer de testículo é o câncer mais comum em homens entre 15 e 35 anos e geralmente tem cura, especialmente se for detectado logo. O próprio paciente deve examinar a si próprio a cada mês, procurando alterações e crescimentos anormais e se notar algo, procurar imediatamente um médico. O exame feito pelo médico deve ser realizado a cada 2 ou 3 anos.

·Exame oftalmológico: se você não usa óculos e tem menos de 50 anos, esse exame deve ser feito a cada 3 a 5 anos. Se você usar óculos ou tiver mais de 50, faça esse exame a cada 2 anos. Homens com diabetes, hipertensão arterial ou história familiar de doenças oculares devem ser examinados uma vez por ano.

·Exame odontológico: uma vez por ano para avaliar a saúde dos dentes, gengiva, língua e boca e para diagnóstico de câncer. Fumantes devem fazer com maior freqüência.

Dicas para reduzir a barriga

– Em primeiro lugar, se estiver acima do peso, deve-se pensar em uma alimentação equilibrada para perder peso e consequentemente a gordura localizada.

– Os magros também não estão livres de apresentar uma “barriguinha”; se for o caso, devem manter uma alimentação saudável, evitando gorduras, frituras, doces e refrigerantes, que também provocam barriga. Devem evitar também pratos muito gordurosos, dando preferência às carnes magras, legumes, verduras e frutas.

– Se o funcionamento de intestino anda devagar, aumente a ingestão de fibras e água (no mínimo 8 copos por dia).

– Pratique atividade física – além de queimar calorias também refletem em um bom funcionamento do organismo. Devem ser praticados com freqüência associando-se exercícios aeróbicos (para ativar a circulação e gastar calorias) a exercícios localizados (para enrijecer a região abdominal).

– Fracione bem a dieta – O sistema digestivo não consegue processar um grande volume de alimento ingerido de uma só vez. O ideal é fazer refeições pouco volumosas e de baixo valor calórico até 6 vezes ao dia.

– Mastigue devagar – A pessoa que come rápido pode acabar engolindo ar junto com a comida, prejudicando dessa forma a digestão. Além disso, o cérebro não registra o sinal de saciedade com tanta rapidez e, assim, você acaba comendo mais.

– Evite os alimentos formadores de gases – refrigerantes, feijão, frituras, pão, queijo e enlatados, carne vermelha, embutidos como lingüiça, presunto, salame e salsicha.

– Evite alimentos gordurosos – a gordura possui uma digestão mais lenta e com isso os alimentos gordurosos acabam permanecendo mais tempo no trato gastrointestinal favorecendo aumento de seu volume.

– Evite o consumo excessivo de sal, exemplos – Pães fermentados ou roscas feitas com sal; pães de preparo rápido ou bolos, feitos c/ fermento em pó, bicarbonato de sódio, sal ou feitos com misturas comerciais; cereais enriquecidos ou de cozimento rápido; cereais secos; bolachas cream cracker, exceto a bolacha de água; pipoca salgada; pickles; batatas chips; embutidos (lingüiça, salsicha, paio, presunto cru, mortadela).

– Aumente o consumo de alimentos diuréticos – erva doce, salsão, coentro, berinjela e endivias, alho, limão, noz-moscada, cebola, salsa, hortelã; abacaxi, melancia, maracujá e chá: em especial, chá de salsa: acrescentar algumas folhinhas de salsa à água quente, adoçar ou não com adoçantes. E chás de ervas (gengibre / canela / cardamomo: fazer um mix dos ingredientes e acrescentar água que ferveu) ou frutas.

– Atenção ao leite – Se estiver com gases, experimente tirar o leite do cardápio. Muitas pessoas têm intolerância à lactose.

– Atenção a alguns adoçantes – alguns adoçantes são a base de sorbitol que fermenta no organismo provocando gases. Algumas frutas secas como uva passa, damasco, banana e principalmente ameixa seca também possuem em sua composição sorbitol.

– Beba bastante água – Além de diminuir a retenção de líquidos, ajuda na lubrificação do intestino. Por isso, é essencial tomar pelo menos 2 litros por dia. Mas evite líquidos durante as refeições (o suco e a água dilatam as paredes do estômago empurrando a barriga).

– Reserve as preparações mais leves para o jantar: à noite, nosso metabolismo está reduzido e, portanto também devemos ingerir menos calorias neste período, evite gorduras e carboidratos em excesso nestas refeições.

Fonte: – Saúde & Nutrição

A Drª Jocelem Salgado é autora dos livros: ‘Faça do Alimento o seu Medicamento’; ‘Pharmacia de Alimentos’; ‘Alimentos Inteligentes’ e ‘Guia dos Funcionais’ (publicado em 2009).

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