Taís Araújo e Lázaro Ramos: convivência no trabalho não cansa

Até algum tempo atrás, Taís Araújo guardava todos os compromissos pessoais e profissionais de cabeça. A idade foi chegando, a família crescendo, e o acúmulo de funções aumentou. Por sugestão do marido, Lázaro Ramos, a atriz “chegou ao mundo sofisticado da agenda de papel”, nas palavras dele.

Hoje, o casal se baseia em seus caderninhos — dos quais não desgrudam (“Se eu perder, não sei o que fazer até dezembro”, diz Lázaro) — para dar conta da rotina dos dois filhos, João Vicente, de 4 anos, e Maria Antonia, de 8 meses, e organizar os trabalhos, todos em parceria. Eles ensaiam a peça “O topo da montanha”, que estreia em 9 de outubro em São Paulo, e gravam “Mister Brau”, nova série da Globo, exibida a partir de terça, no horário que era de “Tapas & beijos”.

De autoria de Jorge Furtado, “Mister Brau” traz Lázaro como o personagem-título, em uma história não tão original assim: após enriquecer com a música, o pop star Brau se muda de Madureira com a mulher, Michele (Taís), e agregados para um condomínio de luxo na Barra. Sua vida fora do comum acaba causando interferências na rotina tépida dos vizinhos, principalmente na do casal Andrea (Fernanda de Freitas) e Henrique (George Sauma), que, a princípio, não compreende toda essa alegria de viver dos Brau.

— Eles vieram do subúrbio, ascenderam socialmente, mas gostam do jeito que são, curtem celebrar a vida. Imagina você passar o dia pensando arte, pensando música, colocando para fora suas manifestações criativas. As pessoas de fora acham que eles têm de se adequar a um certo padrão de comportamento. Mas é tudo uma questão de aceitação — explica Lázaro.

Para Taís, a proposta de Furtado, reforçada pelo diretor-geral Mauricio Farias, o mesmo de “Tapas”, é exatamente romper com a visão estereotipada acerca dos emergentes:

— A série mostra aquele olhar preconceituoso do vizinho rico sobre o que é popular: “Ah, fulano é pagodeiro, então é baderneiro”. E não é nada disso, não é porque canta pagode que é isso ou aquilo. Não estamos tirando sarro de alguém que era pobre, ficou rico e se tornou um equivocado com sua família Buscapé. Não é nada disso.

AULAS DE CANTO E DANÇA

Até para não ser relacionado com cantores nacionais de sucesso que compartilham de histórias parecidas, como os funkeiros Naldo e Anitta, Mister Brau não é artista de um ritmo definido. De fato, ele é uma mistura de muitas referências musicais, mas sem que qualquer uma predomine.

— No início, quando estávamos conversando sobre a série, discutimos muito sobre qual seria a pegada do Brau. Afinal, quem é que ganha muito dinheiro cantando e tem essa vida que ele tem? São artistas que fazem parte de nichos como o axé, o sertanejo e o funk. E aí quisemos nos distanciar para evitar comparações — defende o ator, que aparece em cena com um visual peculiar, composto por estampas afro, com “cortes étnicos orientais ressignificados” e uniformes antigos do exército.

Para Brau, Lázaro retomou as aulas de canto enquanto Taís vem ralando nas aulas de dança ministradas pelo bailarino e coreógrafo Zebrinha, velho conhecido de Lázaro dos tempos do Olodum, na Bahia.

— Taís dança muito bem. Fico impressionado de ver como ela é dedicada e pega as coreografias rapidamente — elogia o ator.

A mulher rebate:

— Dedicada, eu sou. Mas Zebra misturou stiletto (dança que combina hip-hop, jazz e salto alto) com ritmo africano, dança contemporânea e balé. Demoro um dia e meio para pegar o que as bailarinas pegam em uma hora — admite.

Mais do que manter o casal junto por mais horas ao longo do dia, “Mister Brau” é a concretização de um velho desejo dos dois, o de fazer uma série calcada nas relações familiares. Eles já até tinham ido para Porto Alegre escrever um roteiro com Jorge Furtado. Isso faz oito anos.

— Era um desejo que tínhamos antes mesmo de “Cobras & lagartos”, nossa primeira novela juntos, em 2006. Mas acabou não rolando. Era sobre família, mas sem música — explica Taís.

E mesmo junto no trabalho, ela garante que o casal não cansa da convivência:

— Não sei o que a gente tanto fala, mas nosso assunto nunca se esgota.

 

 

 

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