Zul + Zumbi – vida e obra de uma Mulher Negra chamada Zulmira

Zul + – A certeza do recomeçar faz de Zulmira Gomes Leite uma artista singular, intuitiva e com sensibilidade a flor da pele. Descobrindo técnicas e vivenciando a sua realidade de mulher negra, brasileira, mãe e teóloga, Zulmira – cuja assinatura artística Zul + – cria telas fortes, ligando o seu imaginário à realidade.

por Rosangela Malachias via Guest Post para o Portal Geledés

Nascida em 3 de junho de 1937, filha de Maria Aparecida Gomes e de Benedito Evilásio Leite, Zulmirinha, como era chamada por sua mãe, Tida, desenvolve o gosto pelo desenho e passa a colecionar imagens, nem sempre compreensíveis para quem as via.

Aos 24 anos casa-se com Antonio Malachias e tem dois filhos. Com o tempo, Zulmira passa a acompanhá-los nas reuniões do Ativismo Negro e participa, em 1989, do nascimento da entidade Nação Cercab – Centro de Estudos e Resgate da Cultura Afro-brasileira, criada na cidade de São Paulo por jovens negros/as, amigos/as de seus dois filhos. As reuniões da Nação a fazem-na acordar para um fato: a sua “Consciência Negra e Política”. “Antes” – afirma Zul + – “eu ficava na praça dando milho aos pontos, como o verso da canção de Zé Geraldo”.

O novo despertar aos 58 anos de idade propicia a realização de um sonho de infância: – cursar uma universidade. Presta vestibular e ingressa na Faculdade de Teologia Nossa Senhora Assunção. A sua crença em Jesus Cristo aliada à pesquisa sobre as múltiplas Energias dos Orixás, a aproximam cada vez mais da luta anti-racista e contra a intolerância em relação à cultura afrobrasileira. Seus quadros passam a retratar a sua consciência negra.

Apesar de desenhar desde a infância, somente em 1992, depois de aposentada, ela resolve iniciar sua carreira nas artes e ingressa como aluna no atelier de Stela Teodorov. Lá desenvolve o lado acadêmico, como forma estética de aprendizado e amadurecimento. Todavia, o seu estilo, único, surreal, contemporâneo, a destacou dentre os demais estudantes. Faz a sua primeira exposição individual neste mesmo ano, a convite do Acervo da Memória e do Viver Afro-Brasileiro do município de São Paulo tendo como tema os Orixás.

Cada tela criada por Zul + descreve uma história nem sempre compreensível no momento imediato, mas com significação marcante, tal qual os traços e cores empregados. Zulmira pinta de acordo com sua imaginação o avesso, o interior das coisas, embaixo da terra, o fundo do mar e almeja mais, ela quer pintar o inatingível.

 

PROJETO ZUL+ ZUMBI

Depois de algumas tentativas para conseguir catalogar o seu acervo, Zulmira Gomes Leite foi contemplada em 2014 com o edital lançado e administrado pela Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal de Pernambuco, em parceria com o Ministério da Cultura, denominado Acervo Afrobrasileiro. A partir de então, sua obra passou a ser registrada, digitalizada e catalogada, no intuito de propiciar às futuras gerações, artistas e pessoas sensíveis às artes e temática afrobrasileira, toda uma produção de telas e desenhos com técnicas diversas.

 

Ficha técnica

O Projeto Zul + Zumbi será apresentado ao público no próximo 25 de julho, Dia da Mulher Negra Afrolatinoamericana, no Centro Cultural Marques de Melo – Rua Joaquim Antunes, 711, Pinheiros, São Paulo. Horário: das 15h às 18h. Entrada franca.

Patrocínio: Edital PROEXT-UFPE – Ministério da Cultura – Acervo Afrobrasileiro. Apoio: Centro Cultural Marques de Melo/INTERCOM – Irmandade de Nossa Senhora Aparecida e São Benedito do Lauzane Paulista – Mídia Etnia Educação e Comunicação Ltda – Cátedra UNESCO-UMESP.

Contatos com a artista – [email protected]

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