73 foram expulsos de casa por sexualidade

Em todo o ano de 2012, a Associação Maringaense de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros (AMLGBT) registrou 73 casos de adolescentes que foram expulsos de casa na Região Metropolitana de Maringá (RMM), por conta da orientação sexual. O preconceito e a não aceitação são alguns dos motivos pelos quais muitos jovens preferem ocultar a questão, tanto da família quanto da sociedade.

“Não pretendo falar com meus pais. Quero ter a minha casa e a minha privacidade. Não adianta bater de frente com eles”, diz uma estudante universitária de Maringá, de 23 anos.

Participantes da 2ª Parada Gay de Maringá; evento teve como tema “Estado Laico e Direitos Humanos”

Ela conta que mora com a namorada, mas os pais não sabem que é um relacionamento homoafetivo. “Vivo há mais de 3 anos com minha namorada e meus pais pensam que ela é minha amiga. Mas acho que eles desconfiam e não querem ouvir isso da minha boca. Não é bom viver assim.” Segundo ela, os pais não entenderiam a orientação. “Para minha mãe, por exemplo, homossexual é quando nasce hermafrodita”, resume.

A temática que envolve o relacionamento de jovens gays com a família foi abordada em mesa redonda na Universidade Estadual de Maringá (UEM) no sábado passado. O evento, coordenado pela secretária da AMLGBT, Margot Jung, contou com a participação de 15 pessoas. “Muitos homossexuais não falam, mais pelo medo da rejeição do que por outra forma de punição.”

REGIÃO EM 2012

26 tentativas de suicídio
4 suicídios
6 assassinadas de travestis
(2 últimos anos)
49 casos de agressão
73 jovens expulsos de casa

Margot destaca que na mesa redonda, um dos casos chocou pela violência. “Houve relato de um homossexual que apanhou de facão para ‘virar homem'”, lembra.

O presidente da AMLGBT, Luiz Modesto, ressalta que a sociedade é refém de um discurso formado pelo tripé “fundamentalismo religioso, machismo e a heteronormatização”. “Esse tripé constrói e mantém o preconceito. Uma mulher, por exemplo, que é vítima do machismo, mesmo assim reproduz o discurso machista”, analisa.

Ele destaca que a temática da segunda Parada Gay – O Estado Laico e os Direitos Humanos -, realizada também no sábado, em Maringá, buscou fortalecer o combate à homofobia e ao preconceito. A AMLGBT não contabilizou quantas pessoas participaram da parada, mas registrou a presença de caravanas de São Paulo e Santa Catarina.

A luta contra a homofobia avança aos poucos. Há casos em que os jovens, quando revelam a orientação sexual, têm a compreensão dos familiares, com algumas ressalvas.

Naiara Iung conta que teve receio apenas da reação do pai. “Mas não no sentido de ele me rejeitar. Apenas pelo medo de deixá-lo triste com isso. Na verdade, nem precisei contar, pois ele me viu com minha namorada e acabou descobrindo. Depois disso, convidou-me para almoçar na casa dele e sugeriu que se eu quisesse, poderia levar alguém. Minha relação com ele foi sempre boa, antes e depois disso.”

A travesti Daniele Oliveira, que conseguiu o direito de usar o nome social na UEM, onde cursa Pedagogia, considera que é difícil também para a família. “Não é fácil para os pais saberem que têm um filho homossexual. Sempre digo que, para os filhos homossexuais, os pais são a base para que assumam sua orientação sexual perante a sociedade”.

 

Fonte: O Diário 

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