Associação de magistrados condena PEC que propõe redução da maioridade penal

Segundo o presidente da entidade, João Ricardo Costa, a proposta é um retrocesso e pode aumentar os índices de criminalidade. “Colocar adolescentes em presídios é devolver à sociedade jovens ainda mais violentos”

Por André Richter, da Agência Brasil, na Revista Fórum 

A Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) divulgou nota hoje (1º) para condenara aprovação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados do projeto de emenda à Constitução (PEC) que reduz a maioridade penal de 18 para 16 anos. Segundo a entidade, a proposta é inconstitucional e poderá aumentar os índices de criminalidade.

No entendimento do presidente da AMB, João Ricardo Costa, a redução é um retrocesso. Segundo ele, o Artigo 288 da Constituição Federal, que torna penalmente inimputáveis menores de 18 anos, não pode ser alterado, por tratar-se de cláusula pétrea.

“A redução da maioridade vai agravar o quadro de violência e de criminalidade no país, uma vez que o sistema carcerário brasileiro não ressocializa. Colocar adolescentes em presídios é devolver à sociedade jovens ainda mais violentos. É necessário que tenhamos políticas públicas para reduzir os crimes e garantir a segurança da população também por meio da ressocialização”, avalia Costa.

Segundo a AMB, magistrados da entidade que atuam com crianças e adolescentes infratores também consideram um equívoco pensar que a redução da maioridade penal vai diminuir a criminalidade entre os adolescentes.

Ontem (31), a CCJ aprovou a admissibilidade da proposta de Emenda à Constituição (PEC) 171/93 que reduz a maioridade penal de 18 para 16 anos. A partir de agora, uma comissão especial terá prazo de 40 sessões do plenário para dar seu parecer. Depois, a PEC será votada pelo plenário da Câmara em dois turnos. Para ser aprovada, a proposta precisa ter pelo menos 308 votos (três quintos dos deputados) em cada uma das votações.

Pela manhã, após participar de uma cerimônia em Brasília, o ministro Marco Aurélio, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse que a redução não se trata de cláusula pétrea, no entanto, não deve ser vista como esperança para redução dos crimes, pois “cadeia não conserta ninguém”.

Foto: Agência Brasil

+ sobre o tema

IR 2024: a um mês do prazo final, mais da metade ainda não entregou a declaração

O prazo para entrega da declaração do Imposto de Renda...

Mulheres em cargos de liderança ganham 78% do salário dos homens na mesma função

As mulheres ainda são minoria nos cargos de liderança...

‘O 25 de abril começou em África’

No cinquentenário da Revolução dos Cravos, é importante destacar as...

para lembrar

Ministra reúne reitores para discutir ações afirmativas no ensino superior

Encontro acontece hoje (30), no Espaço Porto Vitória,...

De volta ao Mapa da Fome, Brasil tem 60 mi de pessoas com insegurança alimentar

Desafio para muitas nações, o acesso à alimentação e...

Diamantina é Diamantina: joia rara, única e singular

Corre o mundo a esplendorosa beleza e musicalidade de...

16 documentários para entender seus privilégios

Produções a um clique do Netflix ou do Youtube,...

Fome extrema aumenta, e mundo fracassa em erradicar crise até 2030

Com 281,6 milhões de pessoas sobrevivendo em uma situação de desnutrição aguda, a ONU alerta que o mundo dificilmente atingirá a meta estabelecida no...

Presidente de Portugal diz que país tem que ‘pagar custos’ de escravidão e crimes coloniais

O presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, disse na terça-feira que Portugal foi responsável por crimes cometidos durante a escravidão transatlântica e a era...

O futuro de Brasília: ministra Vera Lúcia luta por uma capital mais inclusiva

Segunda mulher negra a ser empossada como ministra na história do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a advogada Vera Lúcia Santana Araújo, 64 anos, é...
-+=