‘Estou libertado’, diz ator preso por engano depois de inquérito ser arquivado pela Justiça

“Estou libertado”. Essa foi a frase dita pelo ator Vinícius Romão ao comentar o arquivamento do inquérito no qual constatava como autor de um furto contra a copeira Dalva Moreira da Costa. Vinícius foi erroneamente reconhecido pela vítima e chegou a ficar 16 dias preso na Casa de Detenção Patrícia Acioli, em São Gonçalo, na região Metropolitana do Rio. Ele foi libertado depois que a mulher que o acusara prestou um novo depoimento admitindo seu engano.

– Estou libertado. E, para completar a minha felicidade, hoje é a minha colação de grau na faculdade (Vinícius formou-se em Psicologia na Universidade Estácio de Sá) – disse o jovem.

Ele afirmou que não tem como apagar o que aconteceu com ele. E disse que nem desejaria isso. Para Vinícius, tudo o que passou contribuiu para que se tornasse uma pessoa melhor:

– Uma vidente uma vez leu a minha mão e disse que eu morreria jovem. E ela acertou. O outro Vinícius morreu. E nasceu em seu lugar um novo Vinícius com a cabeça muito mais equilibrada, com muito mais amigos.

Nesta quinta-feira, o ator irá à Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), a convite do deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL). Ele contará a experiência que teve. E, na sexta, ele planeja reunir-se com os amigos para comemorar a formatura e o arquivamento do inquérito.

– Além disso, tenho certeza de que agora vou andar na rua bem mais tranquilo. Antes, estava com muito medo de tentaram forjar um novo flagrante contra mim – contou.

Vinícius mantém a decisão de processar o Estado, o policial que o prendeu e o delegado que o autuou – a única pessoa que o ator afirma que poupará será a copeira Dalva. E diz que ainda lutará para reaver os bens deixados na porta da cela da 25ª DP (Engenho Novo) a mando de um agente e que desapareceram na delegacia.

Decisão judicial

O juízo da 33ª Vara Criminal do Rio determinou, nesta terça-feira, o arquivamento do inquérito contra Vinícius por não haver razão justa para que uma ação penal seja deflagrada. “A vítima retratou-se quanto ao reconhecimento procedido, aduzindo que teve dúvidas acerca da autoria do delito e admitindo a possibilidade de ter se equivocado. Sendo assim, cotejando o novo elemento de convicção com o quadro delineado no procedimento investigativo, resta patente a ausência de justa causa para o exercício da ação penal”, diz a decisão. A Justiça determinou ainda que as investigações continuem para que o verdadeiro autor do furto seja identificado.

Na última sexta-feira, policiais da 26ª DP (Todos os Santos) prenderam Dione Mariano da Silva, de 24 anos, e o apresentaram como suspeito do crime. O rapaz, porém, negou ter furtado a copeira Dalva.

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