A água do mar no Guarujá também pode ser uma das causas do surto de diarreia, dizem os médicos. A população no verão, segundo a prefeitura, é de 1,2 milhão de pessoas. Do esgoto gerado por esse contingente, que é quase o triplo do normal, apenas 30% é tratado, diz a administração municipal. Parte dos dejetos vai terminar contaminando o oceano.
O emissário da praia da Enseada, o único da cidade, está projetado para uma população de 446 mil pessoas, segundo a Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo). Quando chove muito, é inevitável que as condições das praias piorem, dizem especialistas em engenharia ambiental.
No mês de dezembro, segundo os boletins de balneabilidade das praias feitos pela Cetesb, as águas de Pernambuco, Enseada, Tombo e Guaíba ficaram impróprias (com uma quantidade excessiva de coliformes fecais) durante pelo menos uma semana. Sem falar na praia do Perequê, que está contaminada em 100% do tempo.
No caso da Enseada, o ponto de monitoramento localizado na altura da rua Chile registrou água imprópria em todo o mês. O único boletim divulgado pelo Estado em 2010 classificou apenas a praia de Astúrias como contaminada.
Os dados mais recentes divulgados até agora mostram a situação só do dia 3 de janeiro.
A Sabesp, que reafirma que a qualidade da água oferecida no Guarujá está dentro dos padrões legais, está fazendo obras para a melhoria da coleta e do tratamento de esgoto no Guarujá. Porém, resultados mais expressivos, diz a empresa, serão obtidos no ano que vem.
A expectativa do governo é que os índices de tratamento de esgoto tripliquem com a conclusão das obras.
A questão da mistura entre esgoto e água, o que acaba contaminando muito dos alimentos consumidos na orla, por exemplo, é crônica em todo o litoral paulista. Problemas de contaminação das praias ocorrem com frequência em Praia Grande e até em Ilhabela.
Fonte: Folha de São Paulo