Brasil inclui criança, mas perde jovem no ensino médio e mantém analfabetos

Relatório da Unesco mostra que País atingiu apenas duas das seis metas de universalização da educação nos últimos 15 anos

Por Cristiane Capuchinho iG

Imagem retirada do site: http://ultimosegundo.ig.com.br

O Brasil atingiu a meta de universalizar o ensino fundamental para as crianças brasileiras, tanto para meninos quanto para meninas. No entanto, o País ainda perde alunos no ensino médio, não conseguiu expandir devidamente a educação infantil e mantém 13 milhões de analfabetos acima dos 15 anos de idade.

Isso é o que indica o relatório global Educação para Todos 2000-2015 (em tradução livre), lançado pela Unesco nesta quarta-feira (8).

Das seis metas de universalização da educação lançadas no ano 2000 e acordadas por 164 países, o Brasil atingiu apenas duas: a universalização do ensino fundamental e a paridade e equidade de gênero.

A qualidade do ensino, a evasão do aluno no ensino médio e a alfabetização de adultos ainda são os grandes desafios para a educação brasileira.

Apesar da redução nos índices de repetência no Brasil, que baixaram de 24% em 1999 para 9% em 2011, o estudo constata que a aprovação na escola não veio seguida de melhora na qualidade do ensino.

“O relatório aponta a redução de qualidade do ensino em diversos países, o que faz com que as crianças entrem na escola mas não aprendam. Temos isso também no Brasil”, indica Rebeca Otero, coordenadora de Educação da Unesco no Brasil.

Ela destaca a evasão no ensino médio: apenas 57% dos alunos brasileiros de áreas urbanas concluem essa fase do ensino até os 19 anos. “Hoje o ensino médio não está bem estruturado para tentar atender o nosso jovem. Além disso, é preciso qualificar melhor o professor para atender a esse público em termos de metodologia, de materiais, de ferramentas”, lista.

Os avanços na inclusão de crianças e jovens na escola não atingiram os adultos analfabetos. Há no Brasil 13 milhões de analfabetos com mais de 15 anos, segundo dados do IBGE de 2012.

“Em nenhum dos três níveis [municipal, estadual e federal] há uma grande atenção para a alfabetização de adultos. Temos que pensar que a educação é um direito e ela influencia no alcance dos outros direitos. Nesse sentido, alfabetizar uma pessoa de 35, 40, 45 anos é uma questão de direitos humanos”, avalia Rebeca Otero.

Situação global

O relatório indica que a maior parte do mundo não alcançou as metas de educação para todos, apesar de apontar grandes avanços, como a inclusão de 34 milhões de crianças na escola nos 164 países que assinaram o compromisso com a Unesco.

O estudo mostra que ainda há 58 milhões de crianças fora da escola e que a expectativa é que cerca de 100 milhões não completem o ensino fundamental em 2015.

“Outra constatação é que a desigualdade aumentou. As crianças mais pobres e mais vulneráveis socialmente são as que têm mais chances de não entrar na escola, de não continuar o ensino e de ter os piores resultados escolares”, comenta Rebeca.

Com o relatório, a Unesco lança os desafios para os próximos 15 anos. Até 2030, espera-se que todas as crianças e adolescentes completem a educação pré-primária, a educação primária (ensino fundamental) e o ensino médio.

“Os governos precisam expandir significativamente a aprendizagem de adultos e as oportunidades educacionais em uma abordagem de aprendizagem ao longo da vida. O setor educacional deve colaborar estreitamente com outros setores no âmbito nacional e global para melhorar as perspectivas de desenvolvimento sustentável”, determina o texto.

 

+ sobre o tema

para lembrar

Mesmo com avanços, quase 40% não têm ensino médio completo aos 19 anos

Apesar de avanços contínuos nos últimos anos, quase 40%...

Harvard, Stanford e outras universidades renomadas oferecem 8 cursos online e gratuitos

Já imaginou ter um diploma de Harvard, Stanford, Columbia...

Inscrições para o Enem são prorrogadas devido às chuvas no Nordeste

Governadores de Pernambuco e Alagoas fizeram o pedido ao...

Enem 2012: estudantes terão acesso à redação corrigida, mas não poderão recorrer da nota

Por: Amanda Cieglinski Brasília – A partir deste ano, pela...
spot_imgspot_img

Grupo Articulador intensifica ações em defesa de crianças negras e indígenas

Em mais uma etapa da jornada pela equidade racial na primeira infância, a Ação de Mulheres pela Equidade (AME-DF), Criola (RJ), Geledés – Instituto...

Educação Antirracista: o papel do Estado e do terceiro setor na promoção da equidade

O seminário "Educação Antirracista: o papel do Estado e do terceiro setor para promover a equidade" tem como foco central discutir como a educação...

Grupo Articulador articula apoio no Congresso para políticas antirracistas na Primeira Infância

No segundo dia de visitas em Brasília, as organizações Ação de Mulheres pela Equidade (AME-DF), Criola (RJ) e Geledés - Instituto da Mulher Negra...
-+=