Contagem da população é mais difícil entre a ‘classe A’, diz IBGE

Por: Nathália Duarte

Confira o percentual da população recenseada por estado, segundo o IBGE.
Rio Grande do Sul, Amazonas, Pernambuco e São Paulo têm piores índices.

Com pouco mais de 50 dias de Censo 2010, 76% da população brasileira já foi recenseada – o que equivale a 146.183.918 pessoas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mas, apesar de considerado “bom”, o índice não segue a mesma média em todo o país.

Os estados do Rio Grande do Sul, Amazonas, Pernambuco e São Paulo têm os piores índices (veja tabela ao lado), por razões diversas. A coleta de dados para o Censo 2010 começou em 1º de agosto e segue até 31 de outubro. No início eram quase 192 mil recenseadores. Hoje, são pouco mais de 179 mil.

“Temos mais dificuldade para encontrar recenseadores em grandes municípios, porque há alto nível de empregabilidade da população. Em São Paulo, há ainda a dificuldade da desistência de recenseadores”, diz ao G1 Maria Vilma Salles Garcia, coordenadora operacional dos Censos, do IBGE.

O baixo índice de coleta em São Paulo já era esperado, segundo o IBGE. Além da falta de recenseadores, outra grande dificuldade é com a população de classes mais altas. “As pessoas pensam, geralmente, que as áreas mais difíceis de serem recenseadas são as favelas, periferias, mas isso não é verdade. A população de alto poder aquisitivo, que mora em condomínios de luxo, é a mais difícil de ser contabilizada. Isso porque as pessoas resistem mais a dar informações, e muitas vezes nem sequer são encontradas, conseguimos falar apenas com empregados. Nessa situação, muitos recenseadores desistem”, afirma a coordenadora.

A violência também é causa de transtornos para os recenseadores, mas, segundo Maria Vilma, ela aparece em casos pontuais. “Em áreas de risco já ocorreram, por exemplo, roubos dos PDA’s [computadores de mão usados para coleta de dados] e de outros objetos dos recenseadores, como no Pará e no Distrito Federal, mas isso não acontece com frequência. Em regiões de favelas, contratamos moradores das próprias comunidades para coletar os dados de domicílios da região”, afirma.

Se por um lado há registros de atrasos, mais de 400 cidades já tiveram a coleta concluída, dos 5.565 municípios brasileiros. “O próximo passo agora é checar esses trechos, refazer entrevistas se for necessário, e só então o processo estará finalizado”, diz Maria Vilma. Já está finalizado o trabalho em Borá (SP), a menor cidade do país.

 

Conheça as causas de atraso nos estados com piores índices de recenseados
Rio Grande do Sul
(Foto: Licia Rubinstein/IBGE)
 
Atraso na entrega de coletes aos recenseadores fez com que a coleta para o Censo 2010 começasse com atraso de cerca de duas semanas no estado.
Amazonas
(Foto: Euzivaldo Queiroz/A Crítica/AE)
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A seca em alguns rios do estado dificulta o acesso a setores rurais, que dependem das hidrovias. Isso atrasa tanto a coleta de dados quanto o retorno dos recenseadores com os dados coletados. O mesmo ocorre em áreas do Acre.
Pernambuco
 (Foto: Glauco Araújo/G1)
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A chuva que castigou Pernambuco atrasou o início da coleta de dados em cerca de um mês, em alguns municípios. Recenseadores aguardaram o retorno de famílias desalojadas para suas casas.
São Paulo
(Foto: Reprodução/TV Globo)
saopaulo
Fonte:G1
A falta de recenseadores, principalmente na Região Metropolitana de São Paulo, e a resistência de moradores de áreas de luxo atrasam a coleta de dados. A situação é mais preocupante na capital e em Campinas.

 

 

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