Dilma relaciona escravidão e ditadura no Brasil ao holocausto

Presidente lembrou “momentos difíceis” que o país enfrentou em homenagem a vítimas do nazismo. “O caminho para evitar esse tipo de tragédia é o conhecimento da verdade e da história da humanidade”, disse

Na data que celebra o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, a presidenta Dilma Rousseff disse que “o Holocausto também se repete quando é negado. Por isso deve-se sempre lembrar, mas ter muita responsabilidade quanto à verdade dos fatos”.

Dilma Rousseff , disse hoje (30) em seu discurso que o país também enfrentou momentos difíceis com os 300 anos escravidão e os períodos de ditadura. A presidenta reiterou diversas vezes em seu discurso que o caminho para evitar esse tipo de tragédia é o conhecimento da verdade e da história da humanidade.

“Essa presença aqui tem um significado especial porque o Brasil também passou por períodos difíceis na sua história. Nós não podemos, por exemplo, esquecer os 300 anos de escravidão da população negra ou os anos de ditadura que nós tivemos de enfrentar”, disse a presidente.

“Respeitando a diversidade, a liberdade de pensamento e a grande riqueza de sermos diferentes e tão iguais, tão humanos, isso não significa que podemos deixar de avaliar, de conhecer, de estudar as mais dolorosas lições do ser humano. (…) [Devemos] lembrar, sistematicamente, para evitar que isso se repita”, disse.

Para a presidenta, a ideologia que resultou no holocausto, “não chegou abruptamente”. “Sem dúvida nenhuma os guetos são uma antecipação disso. A expulsão dos judeus de Portugal [durante o período de inquisição] foi outra manifestação histórica, uma longa preparação, secular, que desembocou naquele momento terrível da história da humanidade, que foi a perseguição aos diferentes, aos judeus. E se repete sempre que foi aos judeus, porque tinha uma sistemática tentativa de descaracterizar seres humanos como humanos”, disse.

A presidenta ressaltou a criação no governo da Comissão da Verdade, que tem a finalidade de apurar graves violações de Direitos Humanos, praticadas por agentes públicos, ocorridas entre 18 de setembro de 1946 e 5 de outubro de 1988.

Dilma Rousseff encerrou o evento citando o poeta do alemão Martin Niemöller. “Quando os nazistas levaram os comunistas, eu calei-me, porque, afinal, eu não era comunista. Quando eles prenderam os sociais-democratas, eu calei-me, porque, afinal, eu não era social-democrata. Quando eles levaram os sindicalistas, eu não protestei, porque, afinal, eu não era sindicalista.

Quando levaram os judeus, eu não protestei, porque, afinal, eu não era judeu. Quando eles me levaram, não havia mais quem protestasse”.

A cerimônia homenageou Aracy Guimarães Rosa, mulher do escritor João Guimarães Rosa, funcionária do consulado brasileiro em Hamburgo, na Alemanha, e Luis Martins de Souza Dantas, embaixador brasileiro na França. Os dois, nas décadas de 1930 e 1940, salvaram centenas de judeus, concedendo a eles vistos para o Brasil contrariando ordens superiores.

Por questões de segurança, a cerimônia, que ocorreria no prédio da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Brasília, foi transferida de local. A decisão foi do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, a partir de laudo do Corpo de Bombeiros.

A data lembrada hoje marca a libertação do campo de extermínio de Auschwitz, na Polônia, pelas tropas soviéticas em 27 de janeiro de 1945. No local, mais de 1,5 milhão de pessoas foram exterminadas.

 

 

Fonte: Brasil 247

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