Estrangeiros fogem do Arizona nas vésperas da aplicação da lei anti-imigrantes

Lorena Aguilar, nicaraguense, anuncia aos gritos a venda de sua televisão e de algumas roupas em uma calçada de Phoenix, capital do Arizona (EUA). Na mesma rua, sua vizinha mexicana Wendi Villasenor tenta passar adiante uma mesa de cozinha, cadeiras e utensílios domésticos, em um esforço para diminuir o prejuízo na saída apressada do Estado, dias antes de entrar em vigor a lei que vai tratar o imigrante ilegal como criminoso.

“Todo mundo está vendendo o pouco que tem e indo embora”, afirma Villasenor, 31, imigrante ilegal, que pretende partir para o Estado da Pensilvânia. “Não temos escolha, eles nos encurralaram.”

Essas duas mulheres estão entre as muitas famílias imigrantes no Arizona que estão tentando liquidar suas posses e deixar o Estado antes de quinta-feira (29), quando passa valer a legislação assinada pela governadora do Arizona, Jan Brewer, em maio passado.

De acordo com a nova lei, a polícia é orientada a questionar a situação migratória de uma pessoa considerada “suspeita” de estar no país ilegalmente e que for pega durante qualquer tipo de controle policial, como uma batida de trânsito, por exemplo. Quem contratar ou transportar imigrantes ilegais também pode ser punido.

A lei coloca na mira da polícia os 400 mil trabalhadores sem documentação que em geral se ocupam como diaristas ou em profissões não regulamentadas no Estado do Arizona, que faz fronteira com o México. O governo estima que 100 mil migrantes ilegais deixaram o Arizona nos últimos três anos, depois da aplicação de uma lei que obriga as empresas a confirmarem o status migratórios de seus trabalhadores. Não há estimativas específicas sobre os últimos três meses.

Alguns deles estão voltando para o México e para outros países latino-americanos. Outros procuram novas chances em outras regiões dos EUA. Em um sinal do êxodo recente, alguns salões de beleza e restaurantes mexicanos, por exemplo, estão fechando as portas, à medida que empregados e clientes vão embora.

“Eles queriam tirar os latinos do Arizona e conseguiram mesmo antes da lei entrar em vigor”, afirmou Aguilar, 28, mãe de três crianças.

Quando conversou com a reportagem da Reuters, ela tinha conseguido juntar US$ 20 com as vendas. “Todo mundo aqui está vendendo, e ninguém quer comprar”.

Apenas uma decisão judicial pode impedir que a lei, criticada por diversos países e órgãos de defesa dos direitos humanos, entre em vigor no próximo dia 29. Entre as ações movidas com esse objetivo está um processo do próprio governo federal, no qual a administração do presidente Barack Obama tenta barrar a lei argumentado que a imigração é uma questão que deve ser regulada em âmbito nacional.

fonte: UOL

+ sobre o tema

Presidente de Portugal diz que país tem que ‘pagar custos’ de escravidão e crimes coloniais

O presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, disse na...

O futuro de Brasília: ministra Vera Lúcia luta por uma capital mais inclusiva

Segunda mulher negra a ser empossada como ministra na...

Desigualdade ambiental em São Paulo: direito ao verde não é para todos

O novo Mapa da Desigualdade de São Paulo faz...

Foi a mobilização intensa da sociedade que manteve Brazão na prisão

Poucos episódios escancararam tanto a política fluminense quanto a...

para lembrar

Professor: “Juventude sempre foi ponta de lança pra derrubar autoritarismo”

Quem vê um grande baobá-africano, que pode atingir até...

Quando a democracia implodir no Brasil, restarão apenas baratas

Um experiente parlamentar do PSDB me disse, nesta terça...

Leci Brandão lançará Frente Parlamentar em Defesa da Cultura

A iniciativa da deputada comunista já recebeu adesão de...

Rui Barbosa evitou banco para indenizar ex-donos de escravos

Esta imagem ilustra a coluna de hoje, "Tropeço na...

MG lidera novamente a ‘lista suja’ do trabalho análogo à escravidão

Minas Gerais lidera o ranking de empregadores inseridos na “Lista Suja” do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). A relação, atualizada na última sexta-feira...

Conselho de direitos humanos aciona ONU por aumento de movimentos neonazistas no Brasil

O Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH), órgão vinculado ao Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, acionou a ONU (Organização das Nações Unidas) para fazer um alerta...

Brizola e os avanços que o Brasil jogou fora

A efeméride das seis décadas do golpe que impôs a ditadura militar ao Brasil, em 1964, atesta o apagamento histórico de vários personagens essenciais...
-+=