Só em 2012, foram 1 milhão de pessoas que saíram da miséria, segundo estudo realizado pelo Ipea a partir de análise dos microdados da PNAD
Entre 2002 e 2012, a quantidade de brasileiros em situação de extrema pobreza reduziu a um ritmo de 10,4% ao ano – diminuição total de 63,3% no período. O resultado foi reforçado no ano passado, quando 1 milhão de pessoas saíram da miséria, “em um ano em que o PIB [Produto Interno Bruto] cresceu pouco”, afirmou nesta terça-feira (1º) o ministro interino da Secretaria de Assuntos Estratégicos e presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcelo Neri.
“Para a pobreza, o fundamental é o que acontece na base – cuja renda cresceu a ritmo chinês. O bolo aumentou com mais fermento para os mais pobres, especialmente para os mais pobres dos pobres”, disse Neri, ao apresentar o estudo Duas Décadas de Desigualdade e Pobreza no Brasil Medidas pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD).
Os principais indicadores do crescimento dos rendimentos da população são a posse de bens duráveis – como televisão, fogão, telefone, geladeira e máquina de lavar – e o acesso a serviços públicos essenciais – energia elétrica, coleta de lixo, esgotamento sanitário e acesso à rede de água.
Para o ministro, a ampliação da posse de bens e de acesso a serviços se deve, em grande parte, a dois fatores. “Nos últimos dez anos, o protagonista da redução da desigualdade é a renda do trabalho e o coadjuvante principal é o Bolsa Família”.
De acordo com o Ipea, de 2002 a 2012, 54,9% da redução da desigualdade foi devido à contribuição da renda do trabalho, enquanto o Bolsa Família contribuiu 12,2% para essa queda. “O Bolsa Família é um custo de oportunidade social, tem mais impacto sobre a desigualdade do que a Previdência.”