A emancipação da mulher no século XXI e sua participação no desenvolvimento econômico do Brasil e do mundo. Este será o tema explorado pela juíza Luislinda Valois no Fórum Social Temático da Bahia, nesta sexta-feira (29). O evento que acontecerá de 29 a 31 de janeiro, em Salvador, vai reunir autoridades governamentais, representantes de movimentos socais, chefes de estado da América Latina e da África em torno da temática central: “Da Bahia a Dakar: enfrentar a crise com integração, desenvolvimento e soberania”.
“Será uma ocasião muito importante, na qual teremos representantes que ocupam cargos de decisão, dispostos a ouvir e debater a problemática da crise econômica”, diz a magistrada Valois. Com autoridade concedida por sua experiência de vida, Luislinda Valois irá conduzir palestra abordando os fatores que propiciaram a emancipação da mulher no contexto social e problematizar a posição que esta ocupa no sistema econômico mundial. Através de uma análise comparativa, os direitos assegurados à mulher no decorrer dos séculos, o perfil da presença feminina na chefia familiar e as diferenças de oportunidades oferecidas às mulheres negras serão pontuados na ocasião. “Não há dúvidas que a mulher teve inúmeras conquistas ao longo dos tempos, mas não se pode desprezar o fato de que a maioria delas, sobretudo as negras, ainda está restrita a cargos de execução e apoio.
Poucas ocupam, de fato, cargos diretivos e decisórios no setor público, menos ainda nas grandes empresas”, explica. “Nosso objetivo não é só refletir sobre as causas, mas sim empreender uma busca conjunta para a solução destas questões”, conclui a juíza. Luislinda Valois integrará a mesa-redonda com o eixo temático “Mulher: Crise econômica e emancipação”. O evento será no dia 29, a partir das 8h, no Hotel Sol Victória Marina, no Corredor da Vitória. Mais informações no site http://www.fsmbahia.com.br/. ****** Sustentando o título de primeira magistrada negra do país, a juíza Luislinda Valois é autora de atos inéditos, como a primeira sentença proferida contra racismo no país, em 1993.
A sentença foi a favor da empregada doméstica Aila Maria de Jesus, acusada injustamente de furto pelo segurança de um supermercado de Salvador. “Foi Deus quem fez que este processo caísse em minhas mãos. A missão de assegurar a honra e dignidade daquela mulher foi minha. O supermercado ainda recorreu, mas o juiz de segundo grau manteve a decisão na sua integralidade”, relata a juíza. Luislinda Dias Valois é também idealizadora dos Balcões de Justiça e Cidadania, do Juizado Itinerante Marítimo Baia de Todos os Santos e da Justiça Bairro a Bairro, criados com objetivo de facilitar o acesso da população carente aos serviços judiciários.
Lançou, em 2009, a obra O Negro no Século XXI, livro que convida o leitor a redescobrir a história dos afro-descententes no Brasil com o discernimento de quem conhece profundamente suas origens. Como muitos brasileiros, ela sentiu na pele o peso do racismo ainda jovem quando foi “aconselhada” por um professor a deixar de estudar para cozinhar feijoada na casa de brancos. Em um legítimo grito de protesto, a cada parte do livro, a autora pontua, de forma simples e direta, o processo histórico causador da desigualdade social e racial em nosso país.
Dividido em 18 capítulos, a obra é um avocar para uma reflexão sobre o retorno que a sociedade tem dado ao povo negro, em vista de sua contribuição social, econômica e cultural, ao longo dos séculos. Resultado de uma ampla pesquisa, outros aspectos como lazer, educação, cultura, adoção tardia de crianças e esporte são abordados na ótica de quem enxerga e convive com o preconceito cotidianamente.
Fonte: Universidade Livre Feminista