João Acaiabe: Luta por igualdade racial e trabalhos para crianças marcaram carreira do ator

Enviado por / FontePor Bia Bourrol, da Quem

Diferentes gerações de crianças cresceram assistindo aos trabalhos de João Acaiabe na TV, que morreu aos 76 anos de idade em decorrência de complicações da Covid-19 na quarta-feira (31). Lembrado como o cozinheiro Chico, na versão mais recente de Chiquititas (SBT, 2013/2015), a afinidade do ator com o público infantil já era demonstrada na década de 1970, quando integrou o elenco do educativo Bambalalão, da TV Cultura, entre 1978 e 1983.

Além de produções teatrais, João interpretou por cinco anos o Tio Barnabé em Sítio do Picapau Amararelo, 2001, e contracenou com o elenco mirim do remake de Uma Rosa com Amor (SBT, 2010), vivendo o artista Pimpinonni, papel originalmente interpretado por Grande Otelo.

A indicação para Chiquititas partiu de Gésio Amadeu, que viveu Chico na primeira versão brasileira da novela, em 1997, e que também morreu em decorrência da Covid-19 em agosto do ano passado. Convidado para repetir o papel em 2013, Gésio estava comprometido com a novela Araguaia, na Globo, e não pôde aceitar. Conhecendo o trabalho de João Acaiabe, Gésio afirmou aos produtores da trama que ele também seria “um perfeito Chico”.

LUTA CONTRA O RACISMO

Em sua trajetória, João Acaiabe chegou a trabalhar como professor de teatro para adolescentes da Febem (Fundação Estadual para o Bem Estar do Menor), em São Paulo, e participou de movimentos de igualdade racial.

Formado pela Escola de Artes Dramáticas (EAD) da USP, o artista engajava momentos contra o racismo e a esteriotipação de personagens negros no teatro e na TV. Ainda na década de 1960, ele decidiu que não aceitaria papéis que não estivessem à altura de seu talento, lutou por equiparação salarial e por papéis dignos e com visibilidade ao ator negro, participando também do Teatro Experimental do Negro.

O dramaturgo Plínio Marcos (1935-1999) foi o responsável por convidá-lo para interpretar Jesus Cristo na peça Jesus Homem.

Em novelas, o trabalho mais recente do ator foi Segundo Sol (Globo, 2018), como o pai-de-santo Didico. Já no cinema, os últimos papéis vieram em M8: Quando a Morte Socorre a Vida (2020) e como dublador de Rafiki no live action de O Rei Leão (2019).

 

+ sobre o tema

Há 50 anos, jovens do Bronx inventavam o hip-hop

Em 1973, o Bronx era um dos bairros mais...

Adriana Bombom perde guarda definitiva das filhas

De acordo com o colunista Leo Dias, do jornal...

CNN mata Pelé no Twitter e pede desculpas

    O canal CNN, através do perfil do programa New...

para lembrar

A lixeira começa com um pedaço de papel! [PARTE I]

Tenho acompanhado com muita preocupação as letras das músicas...

O rapper que canta a revolução bolivariana

"Cai o país, um golpe já está em prática/...

Jean Paulo, o Cirilo de “Carrossel”: “Dizem que vou ser o próximo Lázaro Ramos”

Entrar na casa de Jean Paulo Campos , na periferia de...

Denúncia de racismo é sintoma que país precisa expiar culpa pela escravidão

As últimas notícias mostram que o racismo no Brasil...
spot_imgspot_img

Mulheres sambistas lançam livro-disco infantil com protagonista negra

Uma menina de 4 anos, chamada de Flor de Maria, que vive aventuras mágicas embaixo da mesa da roda de samba, e descobre um...

Podcast brasileiro apresenta rap da capital da Guiné Equatorial, local que enfrenta 45 anos de ditadura

Imagina fazer rap de crítica social em uma ditadura, em que o mesmo presidente governa há 45 anos? Esse mesmo presidente censura e repreende...

Peres Jepchirchir quebra recorde mundial de maratona

A queniana Peres Jepchirchir quebrou, neste domingo, o recorde mundial feminino da maratona ao vencer a prova em Londres com o tempo de 2h16m16s....
-+=