Tranquilidade e bom humor são os lemas com que Mart’nália, 47 anos, leva a vida, “mesmo na tragédia”. Preocupações ela diz ter poucas. A única coisa que tira a cantora do prumo é falar sobre a morte, tema que, coincidentemente, tem feito parte de sua vida agora que ela interpreta a borracheira Tamanco no seriado “Pé na Cova”, de Miguel Falabella, exibido às quintas-feiras na TV Globo. “Quem me conhece sabe que eu tenho medo de cemitério, de fantasma e de morrer”, diz, rindo, à repórter Laís Rissato ao responder as perguntas enviadas pelos leitores ao site de QUEM. Homossexual assumida, a cantora – e agora a atriz –, filha do cantor Martinho da Vila, também conta que nunca sofreu preconceito por ser gay. “Sempre foi uma coisa simples”, garante.
1 – Você é parecida com a Tamanco?
Lucimara Souto, Feira de Santana (BA)
Eu tenho muito da Tamanco e talvez eu seja parecida no jeito extrovertido. Sou falante, tranquila e não ligo muito para nada. As coisas são como são e pronto, vou deixando a vida me levar.
2 – Pé na Cova fala sobre a morte. O que é a morte para você? Tem medo de morrer?
Juliana Bittencourt, Guarulhos (SP)
Tenho pânico! Quem me conhece sabe que eu tenho medo de cemitério, de fantasma e de morrer. E, de repente, quando vejo, estou lá, num cenário no meio de caixões. Falei para o Miguel: “Só não me põe dentro do caixão porque acho que deito ali e não acordo mais” (gargalhadas). Sou meio fraca para isso. A morte é uma sacanagem, não gosto dela.
3 – Eu li você dizendo que não estava confiante em sua atuação. Por quê? O que está achando agora?
Simone Garrido, Recife (PE)
Eu não sou atriz e tenho meu lado virginiano, que critica tudo, não consigo ficar me vendo. Sempre acho que poderia ter feito melhor. E existem aquelas coisas que os atores precisam ter e eu não tenho, como boa dicção, boa memória (risos). É difícil decorar texto, até decorar música é difícil. Mas agora estou achando legal, porque tenho retorno das pessoas, elas estão gostando.
4 – No programa Encontro com Fátima Bernardes você disse que tudo te faz feliz. É sempre bem-humorada?
Lucia Campos, São Paulo (SP)
Sou, mesmo na tragédia acho graça das coisas. Já acordo sorrindo, tenho a boca grande (risos). Acho que o segredo é cair dentro desta vida, tenho meus amigos, minha família e viver é legal. Claro que me preocupo com as coisas, mas não muito, porque muitas não têm jeito! Você está à toa e cai um avião na sua cabeça, vem um carro e te atropela, meteoros caem. Não sei viver prestando atenção nesse perigo todo.
5 – De onde veio seu nome?
Lucas Nascimento, São Paulo (SP)
Veio da cabeça louca do meu pai (risos). Primeiro, ele colocou o nome Analimar na minha irmã, uma junção de Anália, minha mãe, e de Martinho. No meu, Mart’nália, ele só trocou a ordem. Antigamente tinha essa coisa de juntar os nomes. Ainda bem que nasci com cara de Mart’nália (risos).
6 – Ser filha de Martinho da Vila te ajudou ou atrapalhou quando começou como cantora?
Roberto Mourato, Ouro Preto (MG)
Ajudou, claro. Meu pai é superquerido e tem toda uma trajetória artística, política e familiar. Comparações sempre vão existir, mas é normal. Eu nasci filha do Martinho da Vila, então, esse problema eu sempre tive (risos).
7 – Já sofreu preconceito por ser gay? Seus pais aceitaram bem quando você se assumiu homossexual?
Silvana Barbieri, João Pessoa (PB)
Nunca sofri preconceito. Sempre fui assim e não teve nenhum papo sobre isso com minha família, sempre foi uma coisa simples. Minha avó dizia que nasci trocada. Meu pai, por exemplo, não se mete na minha vida e eu não me meto na dele. Ele não tem as mulheres dele? Eu tenho as minhas (risos).
8 – Qual é o seu estado civil? Quer se casar, ter sua família?
Carla Oliveira, Salvador (BA)
Estou na pista. Casar é meio esquisito, não fico pensando nisso. Quando vejo, estou grudada em alguém, alguém está na minha casa, aí de repente é tchau e vida que segue. Já tenho uma família grande pra caramba, oito irmãos, dez sobrinhos! Meus sobrinhos são como filhos.
9 – Qual é o seu time do coração?
Flavia Noronha, São Paulo (SP)
Vasco! Por causa do meu pai.
10 – Pretende continuar atuando?
Joaquim Rodrigues, Caruaru (PE)
Não (risos). Veio um convite para eu me divertir, foi para isso que o Miguel me chamou. Já tinha feito o musical O Pé da Árvore de Natal (2003) com ele no teatro, foi minha primeira experiência. Nessa época, ele já tinha a ideia desse seriado, falava dos personagens e eu ria. Aceitei por causa dele, estava com saudade. Mas não penso em continuar, porque é outra vida, outro propósito e dá um trabalho danado.