Período decisivo para o desenvolvimento cognitivo e o futuro escolar, os primeiros anos de vida estão longe de ser uma prioridade na rede de ensino brasileira, mostra Demétrio Weber em reportagem publicada pelo GLOBO neste domingo. Em 2008, apenas 18,1% das crianças de até 3 anos eram atendidas em creches, o equivalente a 1,9 milhão de matrículas. Embora a década não tenha terminado, é consenso entre gestores e especialistas que o país não atingirá a meta do Plano Nacional de Educação (PNE) de oferecer vagas para 50% da população nessa faixa etária.
Segundo o IBGE, o Brasil tinha 10,7 milhões de crianças em 2008. Ou seja, seria preciso matricular ainda 3,4 milhões para alcançar a meta do PNE – conjunto de diretrizes definidas pelo Congresso para esta década, na área de ensino. Há mais de um ano tentando matricular o filho Juan Marcos, de 1 ano e nove meses, numa creche municipal no Rio, Leidiane da Silva teve de deixar de trabalhar para ficar com ele.
– Seria muito bom se eu voltasse a ajudar nas contas da casa. Mas seria melhor ainda que ele pudesse conviver com outras crianças para se desenvolver – diz ela, que mora com o filho e o marido, o taxista Jorge Alves, no Santo Cristo. – Não acredito que ele consiga vaga este ano. É o 18º da fila de espera da creche mais próxima.
O governo federal promete dar prioridade à educação infantil, que será um dos eixos do segundo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC-2). A ideia é financiar a construção de 6 mil creches, indo além do investimento inicial: a Casa Civil estuda a possibilidade de ajudar governos estaduais e prefeituras a manter as creches funcionando, o que significa dividir despesas de custeio e pagar funcionários.
O modelo em análise é o mesmo das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), do Ministério da Saúde: o governo federal bancaria 50% dos custos e o governo estadual, a outra metade. Onde a prefeitura quisesse fazer parte, a conta seria dividida da seguinte forma: 50% para a União, 25% para o estado e 25% para o município.
Fonte: G1