Ofensiva de empresários no Brasil para proteger e defender a governabilidade de Dilma

Líderes empresariais firmam pacto para superar crise

Do Jornal do Brasil 

Dois dias após as marchas da oposição, realizada no domingo (16/8), os empresários da indústria, agronegócio e transportes do Brasil e a Ordem dos Advogados prepararam rapidamente uma declaração contra o impeachment de Dilma Rousseff e um pacto de governabilidade. A iniciativa firmada deve ser publicada nesta quarta-feira (19/8) pela associação e pelas três principais entidades produtivas do país: a Confederação Nacional da Indústria (CNI); Agricultura e Pecuária, e dos Transportes.

Segundo artigo desta quinta-feira (19/8) do jornal Clarín, de Buenos Aires,  intitulado “Ofensiva de empresários no Brasil para proteger e defender a governabilidade de Dilma”, o manifesto junta-se, assim, a outras iniciativas de empregadores, como a Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) e Rio de Janeiro (Firjan). O movimento também é uma resposta às declarações retumbantes da oposição social-democratas, por meio ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, de que Rousseff deveria “renunciar” como um “gesto de grandeza”.  Este novo documento visa prevenir qualquer nova crise política, como um elemento que incentiva a recessão. Segundo os setores produtivos, o impeachment resultaria “em um processo traumático” que vai piorar o cenário econômico.

Na terça-feira, o presidente da Fiesp, Paulo Skaf concordou que “a crise de hoje é política e contamina a economia. O Brasil não merece o que está acontecendo”.  O movimento de empresários que alguns chamam de “acordaço” é liderado pela ministra da Agricultura, Katia Abreu, e do chefe da CNI, Robson Braga.

Para o Clarín, a operação política de Fernando Henrique Cardoso, que exigiu a renúncia de Dilma por “motu proprio” começou a se diluir. Para o governo de Dilma, o sociólogo e ex-presidente “queria aproveitar a crista da onda” de protestos. Os porta-vozes oficiais avaliam que Fernando Henrique se pronunciou  “para não ser deixado para trás”, bem como dois dos homens mais exaltados do grupo: os senadores José Serra e Aécio Neves, o último, candidato presidencial derrotado em outubro.

A postura do trio nem sequer contou com o consenso dos integrantes do seu partido. O economista Luiz Carlos Mendonça de Barros, que foi ministro das Comunicações do ex-presidente, considerou que “não há razões” para o impeachment da chefe de Estado. Em uma entrevista à agência estatal, ele julgou que “a melhor solução é um pacto de governabilidade para a presidente”. Para Mendonça, “há uma clara consciência de grande parte da sociedade de que não é hora de provocar uma ruptura institucional. Seria importante Dilma ter as condições de gerir esse ajuste até que seus frutos apareçam”.

O Clarín cita o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, dizendo que ele foi moderado e não queria embarcar em opções de falência institucionais que seus correligionários pareciam abraçar.

Muitas vozes alertam que não há condições mínimas e motivos para a saída de Dilma. Uma alternativa vislumbrada pela oposição deve vir a partir da análise das contas do seu primeiro governo, que não teriam cumprido a lei de responsabilidade fiscal. Mas o Tribunal de Contas, que há dois meses parecia disposto a condenar as alegadas práticas irregulares durante o primeiro mandato, agora tende a aprovar. Outra possibilidade aventada pelos opositores apontava para a impugnação da campanha Rousseff pelo Tribunal Superior Eleitoral, com base em supostas doações ilegais. Mas essa opção não tem chance de sucesso.

Enquanto isso, na terça-feira (18/8)  à noite, o Partido dos Trabalhadores colocar no ar uma série de pontos onde admite “erros”, mas defendeu os “acertos”, incluindo que nos 12 anos de seu governo “vencemos a pobreza e a fome, aumentando os rendimentos de milhões, e se o país chegou aonde chegou tem tudo para superar qualquer crise econômica. Acredite”. O PT também marcou um protesto pró Dilma para quinta-feira à tarde. A aposta é trazer em São Paulo não menos de 50 mil pessoas, contando com a ajuda de movimentos sociais, incluindo sem-terra e sem-teto, além dos sindicatos.

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