De acordo com o último censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), de 2010, a cidade do Rio de Janeiro contava com uma população de 1.523.960 pessoas com idades entre 15 a 29 anos —faixa etária que compreende a juventude, conforme os parâmetros do Estatuto Nacional da Juventude.
Esses jovens são 24% da população carioca, uma parcela representativa da cidade. Demonstrando estar atento a importância desse público e reforçando seu compromisso com a pauta, o prefeito recém-eleito, Eduardo Paes (DEM), criou a Secretaria Especial da Juventude Carioca. Este que vos escreve foi convidado para comandar a nova pasta.
Pensar uma secretaria do zero não é tarefa fácil. Tivemos o desafio de estruturar desde atividades mais simples, como o organograma, até demandas mais complexas, como a construção de políticas públicas. Se em tempos comuns isso não seria moleza, em tempos de pandemia e crise financeira é ainda mais desafiador.
Hoje, desses um pouco mais de um 1,5 milhão de jovens cariocas de 15 a 29 anos, cerca de 19% se encontram na condição de “nem-nem”. Isto é, “nem” estudam e “nem” trabalham (PNAD contínua do 2º trimestre de 2019). Se forem considerados apenas os jovens do Rio que têm de 18 a 24 anos, observa-se que 26% estão incluídos nesse grupo. Desses, 32,6% somam os que estão somente desempregados.
A juventude é o presente e o futuro da nossa cidade. Se não começarmos a lidar com os problemas que os atingem agora, a conta pode se tornar muito cara nos próximos anos. Precisamos de um pacto para preservar o nosso presente e garantir o nosso futuro. Se não investirmos agora nesses jovens, no seu retorno às escolas e em oportunidades de emprego, essa massa que representa um quarto da nossa população se tornará ociosa e improdutiva.
A Secretaria da Juventude Carioca convida todos para a construção desse pacto. Nós estamos construindo o Plano Municipal da Juventude e articulando com a Câmara dos Vereadores a aprovação do projeto de lei para criação do Conselho Municipal da Juventude. Em paralelo, estamos elaborando políticas públicas voltadas especialmente para dar oportunidades de primeiro emprego e incentivar o retorno às salas de aula.
O desafio é grande, principalmente quando somado à pandemia da Covid-19 e à crise financeira gerada pela última gestão municipal, mas, com a ajuda dos empresários, do terceiro setor e da população, a nossa juventude, certamente, reassumirá o seu lugar de protagonismo. Diferente do que escreveu Belchior e interpretou Elis Regina, o sinal não está fechado para nós que somos jovens!
Salvino Oliveira
PerifaConnection, uma plataforma de disputa de narrativa das periferias, é feito por Raull Santiago, Wesley Teixeira, Salvino Oliveira, Jefferson Barbosa e Thuane Nascimento