Autoridades sanitárias do Uruguai iniciaram uma investigação sobre as UTIs do país depois do indiciamento de dois enfermeiros pela morte de 16 pacientes idosos.
Por Felipe Llambias, do Correio do Brasil
Segundo a imprensa local, a polícia suspeita que os enfermeiros tenham matado até 200 pessoas usando injeções letais de ar ou morfina, supostamente com o objetivo de abreviar o sofrimento dos pacientes.
“Descrevemos essa como uma situação dramática. (É) muito doloroso e repugnante termos assassinos dentro de uma equipe de cuidados à saúde”, disse o vice-ministro da Saúde, Lionel Briozzo, a jornalistas.
“Quero ser muito claro a esse respeito: houve pessoas aqui que quiseram matar”, afirmou Briozzo, anunciando o início de uma investigação sobre o eventual descumprimento de regras que poderiam ter evitado as mortes.
Os enfermeiros Marcelo Pereira, de 38 anos, e Ariel Acevedo, de 49, declararam à Justiça que mataram os idosos por pena, a fim de abreviar seu sofrimento. “Eles admitiram numerosas situações idênticas, dizendo que administraram medicações em muitas pessoas para causar suas mortes”, relatou a jornalistas o juiz Rolando Vomero.
Ele disse que as vítimas tinham doenças graves, mas não estavam em estado terminal.
Pereira e Acevedo, que se conheciam, mas não sabiam das ações um do outro, foram indiciados no domingo, após meses de investigações policiais.
O caso causou perplexidade entre os 3,4 milhões de uruguaios, e a oposição pediu a demissão do ministro da Saúde, Jorge Venegas.
Vários casos semelhantes já foram registrados em outros países. Há seis anos, na Alemanha, uma enfermeira foi condenada por matar 28 idosos usando injeções de um coquetel letal, na maior série de homicídios registrada no país após o fim da Segunda Guerra Mundial.
Naquele mesmo ano, nos EUA, um enfermeiro admitiu ter matado 22 pessoas com uma injeção letal ao longo de 16 anos no Estado de Nova Jersey.