O drama sobre escravidão “Emancipation”, com Will Smith, não será mais gravado na Geórgia. A decisão ocorre após o estado, do sul dos Estados Unidos, aprovar uma lei de direito ao voto que, segundo seus opositores, visa reduzir a participação política de comunidades negras e outras subrepresentadas.
A Geórgia se tornou um importante centro de produção para a indústria cinematográfica americana nos últimos anos, mas a medida adotada pelos produtores de “Emancipation” segue as crescentes críticas públicas e boicotes de empresas, organizações esportivas e de entretenimento, devido à controversa decisão do mês passado.
A lei promulgada pelo governador republicano da Geórgia, Brian Kemp, impõe requisitos de identificação do eleitor, limita o número de urnas e proíbe voluntários de fornecerem garrafas de água aos eleitores, que podem esperar na fila por horas.
Uma análise feita pelo jornal The New York Times apontou 16 itens na lei que dificultam aos cidadãos locais exercer o direito do voto ou tiram poderes de fiscais eleitorais e os repassam aos legisladores estaduais.
“Não podemos, em sã consciência, fornecer apoio financeiro a um governo que promulga leis eleitorais regressivas destinadas a restringir o acesso dos eleitores”, afirmaram o ator Smith e o diretor Antoine Fuqua, em comunicado enviado à agência de notícias AFP.
“Infelizmente, nos sentimos obrigados a realocar nosso trabalho de produção cinematográfica da Geórgia para outro estado”, anunciaram.
“As novas leis de votação da Geórgia lembram as barreiras para votar que foram aprovadas no final da Reconstrução [dos Estados Unidos] para impedir o voto de muitos americanos”, escreveram Smith e Fuqua, conhecido pelo premiado “Dia de Treinamento”.
O presidente democrata Joe Biden, que assumiu o cargo em janeiro, venceu Donald Trump por pouco na Geórgia, um dos estados com resultados mais polêmicos das eleições de novembro de 2020.
Trump alegou falsamente que perdeu nesse estado por fraude eleitoral, após uma participação sem precedentes devido ao aumento da votação antecipada e do voto por correio em meio à pandemia do novo coronavírus.
Na Geórgia, os afro-americanos enfrentam tentativas de suprimir seus votos há décadas. Em protesto contra a nova norma, entidades como a Liga Profissional de Beisebol dos Estados Unidos, a Delta Airlines e a empresa Coca-Cola já expressaram publicamente suas críticas.