2 de Julho: Heroínas que lutaram pela independência

Sessão destaca mulheres nas batalhas contra o domínio português

Na véspera do 2 de Julho, o Plenário Cosme de Farias ficou completamente lotado de mulheres com um objetivo em comum: valorizar o papel histórico feminino na luta pela independência da Bahia. A sessão especial, requerida pela vereadora Olívia Santana (PCdoB), ressaltou a importância das heroínas Joana Angélica, Maria Quitéria e Maria Felipa para o processo de libertação definitiva do domínio português.

A independência do Brasil não seria possível se não houvesse o 2 de Julho. E é necessário resgatar o protagonismo das mulheres nesta história. Apesar da história ressaltar as forças masculinas, a cara da independência é a cara negra de Maria Quitéria. A invisibilidade nos torna entes passivos. O que não é registrado não é reconhecido. Temos que quebrar este jejum e esta invisibilidade. Se oficialmente não foi registrado, precisamos recorrer à memória popular para garantir que as nossas verdadeiras heroínas não sejam esquecidas, desabafou Olívia Santana.

A ministra da Secretaria de Promoção da Igualdade Social, Luiza Bairros, destacou a necessidade de articular, dentro do Governo Federal, um processo de valorização da memória dos negros e das mulheres no Brasil. Ainda não foi dada a visibilidade que é necessária. Até agora, a regra foi sempre a de excluir a participação das mulheres. O 2 de Julho não nos deixa esquecer a efetiva participação das mulheres no processo de independência do Brasil, afirmou a ministra.

Autora do projeto de lei que torna o 2 de julho data nacional, a deputada federal Alice Portugal (PCdoB-BA) também destacou a importância histórica da data para o suspiro final do domínio português no Brasil.

Historiadoras

Pesquisadoras e historiadoras, Consuelo Pondé de Sena e Cassimélia da Costa minimizaram a importância do 7 de Setembro e foram enfáticas ao destacar a relevância das batalhas na Bahia para a consolidação da independência do Brasil. A ratificação do processo só aconteceu com as lutas. Não foi com o famoso Independência ou Morte, gritado às margens do Rio Ipiranga, garantiu Consuelo Pondé, presidente do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia.

Do alto dos seus 85 anos, Cassimélia da Costa divertiu os presentes com humor, jovialidade e conhecimento. A pesquisadora ressaltou o papel decisivo de Maria Felipa, em Itaparica. A história foi escrita com o sangue dos combates. Em Itaparica, a soberania nacional foi garantida, afirmou.

A mesa, como não poderia ser diferente, foi formada exclusivamente por mulheres. Além de Consuelo Pondé, Cassimélia da Costa, Luiza Bairros, Olívia Santana e Alice Portugal, foi composta pela secretária de Políticas para as Mulheres do Estado, Vera Lúcia Barbosa; a coordenadora Estadual do Fórum de Mulheres Negras, Janeth Suzart; a coordenadora da União Brasileira de Mulheres Bahia, Daniele Costa; a coordenadora da Casa de Maria Felipa, Hilda Clarinda das Virgens; e a coordenadora de Assuntos Indígenas da Secretaria de Educação da Bahia, Rosilene Araújo.

No final da sessão, foram feitas homenagens as mulheres que, atualmente, continuam lutando pela igualdade e pela liberdade. A vereadora Marta Rodrigues (PT) foi uma das homenageadas.

Heroínas

Joana Angélica

Num gesto comovente, abriu os braços e tentou impedir que portugueses entrassem no Convento da Lapa, dizendo: “Para trás, bandidos. Respeitem a Casa de Deus. Recuai, só penetrareis nesta Casa passando por sobre o meu cadáver.”

Foi, então, assassinada a golpes de baioneta e tornou-se, assim, a primeira mártir da grande luta que continuaria, até a definitiva libertação da Bahia.

Maria Felipa

– Além de guerreira, também atuou nas batalhas como enfermeira. Com um grupo de mulheres, ateou fogo aos barcos e usou galhos de cansanção para surrar os vigias das embarcações.

Percorreu trincheiras, estimulou homens e mulheres a continuar lutando por suas vidas e por suas famílias. Recolhia feridos, se arriscava em busca de comida para os mais velhos e as crianças. Diz a lenda que era capoeirista e que atravessava de Itaparica para Salvador de barco.

Maria Quitéria

Militar, recebeu, por seus atos de bravura em combate, as honras de 1º cadete. A heroína é homenageada por uma medalha militar e por uma comenda com o seu nome, na Câmara Municipal de Salvador.

Autor: Eliezer Santos

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