Tia Má é chamada de macaca na internet: ‘racismo não nos dá descanso’

Essa não é a primeira vez que Maíra é alvo de ataques racistas em suas páginas pessoais nas redes sociais

Do Correio24horas

(Foto: Marina Silva/CORREIO)

A jornalista baiana Maíra Azevedo, conhecida como Tia Má, foi alvo de ataques racistas pela internet mais uma vez. Ela compartilhou, na noite desta terça-feira (18), prints de um internauta que foi até sua página no Facebook e a chamou de macaca. Revoltada, a jornalista fez um desabafo.

“O racismo não nos dá descanso! Ser mulher preta altiva é saber que os racistas insistem em nos aniquilar. Um jovem, com uma postura tão reacionária. Não foi a primeira vez, não será a última…porque o racismo e racistas perseguem pessoas pretas por todas as partes e ainda dizem que nosso discurso é #vitimismo e #mimimi! O racismo quando não mata, enlouquece!”, escreveu a baiana em seu perfil.

Outro caso
Essa não é a primeira vez que Maíra é alvo de ataques racistas em suas páginas pessoais nas redes sociais. Em março, a comunicadora sofreu agressão durante uma transmissão, ao vivo, no instagram. O agressor chamou a vítima de ‘Monkey’ (macaca em inglês). A palavra foi seguida do emoticon do animal. No dia seguinte, Maíra foi ameaçada de morte. Ela denunciou o caso ao Ministério Público da Bahia e prestou queixa na 1ª Delegacia (Barris).

Não satisfeito, o autor das injúrias raciais voltou a atacar. Postou nas redes sociais da jornalista a seguinte frase: “Sou hacker, vou acabar com a sua vida. Não passa de hoje”. Assustada, Maíra não permitiu que o filho fosse à escola naquele dia. “A gente não sabe quem é o agressor. Pode ser uma pessoa distante, mas também pode ser alguém próximo”, disse, na época.

O criminoso estava usando o celular para fazer as publicações, e a polícia chegou até ele depois de solicitar a quebra do sigilo telefônico através da operadora. Os investigadores descobriram que o homem usava um nome falso nas redes sociais. Após trabalho de apuração policial, chegaram à identidade verdadeira do suspeito e onde ele morava.

O vendedor José Raimundo Pitta Júnior, 23 anos, admitiu ter ameaçado de morte e ter cometido crime de injúria racial contra a jornalista Maíra Azevedo foi até a 1ª Delegacia (Barris), em Salvador, acompanhado do advogado e da mãe. O jovem assumiu que atacou a jornalista e chegou a dizer que cometeu os crimes por causa da morte da ex-mulher, ocorrida há sete meses. De acordo com José Raimundo, ela morreu de hemorragia durante o parto e, por causa disso, ele estaria passando por problemas psicológicos. “Eu não sou racista. Minha mulher é negra”, afirmou na ocasião.

Crime
Injúria racial é crime e, geralmente, está associada ao uso de palavras depreciativas referentes à raça ou a cor com a intenção de ofender a dignidade ou o decoro da pessoa. O Código Penal Brasileiro estabelece no parágrafo 3º do artigo 140 que “se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência” a pena é de reclusão de um a três anos e multa.

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